Ter uma casa para chamar de sua é o sonho de muitas pessoas — e que pode parecer impossível, à primeira vista. De olho em mudar esse cenário, especialmente considerando que nos próximos nove anos, 40% da população mundial vai precisar de acesso à moradia, empresas dedicam a desenvolver projetos focados na população de baixa renda. E os primeiros resultados já começam a aparecer: nos Estados Unidos, a Alquist, em parceria com a ONG Habitat For Humanity, entregou a primeira casa impressa em 3D a uma moradora do estado da Virgínia. O projeto foi finalizado pouco antes do Natal e tem cerca de três quartos, dois banheiros e foi construído principalmente utilizando concreto. Tudo isso, em cerca de 12 horas.
“Meu filho e eu estamos muito agradecidos. Eu sempre quis ser a dona de uma casa e esse é um sonho se tornando realidade”, afirmou April Stringfield, que conseguiu comprar a casa por meio do programa da Habitat For Humanity. Depois que a casa foi construída, a Alquist instalou uma impressora 3D no local, para que April possa realizar substituições simples no lar, como interruptores de luz.
A história de April está longe de ser a única focada em impressão de casas em 3D. De olho no mesmo objetivo, empresas como a Mighty Buildings criam imóveis sustentáveis e que podem ser produzidos em cerca de 24 horas, considerando uma casa de 32 metros quadrados.
“Aplicando automação de última geração, a Mighty Buildings pode imprimir estruturas em 3D duas vezes mais rapidamente, com 95% menos horas de trabalho e dez vezes menos desperdício do que uma construção convencional”, afirma Sam Ruben, cofundador da Mighty Buildings. “Quanto à sustentabilidade, conseguimos eliminar virtualmente os resíduos da construção que, no caso da construção tradicional, acabam em aterros”.
Em termos de valores, os modelos oferecidos pela empresa variam de 115.000 a 285.000 dólares, incluindo acabamentos. “Uma casa tradicional construída em madeira na Califórnia custa 327 dólares por metro quadrado. A nossa sai 40% mais em conta”, afirma o executivo.
Com o investimento de empresas de capital de risco como a Khosla Ventures e a Y Combinator, a startup pretende agora aprimorar seus processos e expandir as parcerias para que se torne capaz de imprimir e implantar estruturas em prazos curtos e em grande escala em todo o mundo.
Também mirando o futuro, a empresa de tecnologia de construção ICON, com sede em Austin, no Texas, está usando sua impressora 3D, chamada de Vulcan, para construir casas. Ela afirma que a Vulcan consegue criar uma estrutura de 800 metros quadrados por 10 mil dólares (aproximadamente 54 mil reais). O tempo de construção também é curto, cerca de sete dias.
Quatro casas na cidade de Austin estão sendo construídas com a tecnologia da ICON e devem estar prontas para mudança entre junho e setembro, durante o verão norte-americano. Cada uma das casas demorou de cinco a sete dias para impressão e elas têm entre 92 e 185 metros quadrados.
As casas não foram feitas só com a impressora 3D. Apenas o primeiro andar de cada uma delas foi, o que ainda é bastante surpreendente. Os outros andares foram construídos com materiais normais.
As quatro casas estão sendo vendidas a partir de 450 mil dólares, o que, segundo o The Verge, é o preço médio para uma casa na cidade hoje. De acordo com a ICON, o material de cimento utilizado é patenteado e chamado de “Lavacrete”. A empresa afirma que ele é mais durável do que materiais tradicionais.
Por enquanto, 24 casas já foram construídas pela ICON nos Estados Unidos e no México e a maioria já está habitada. Sete delas foram criadas para moradores de rua de Austin.