Além do silêncio, da pouca manutenção e da limpeza – em termos de emissões –, outro argumento igualmente atraente em relação aos carros elétricos é o custo muito menor para abastecê-los.
Afinal, em vez da bomba no posto, para encher o tanque, quer dizer, as baterias, o que se usa é a rede elétrica, onde o kW sai por bem menos que um litro de combustível.
Imagine, então, se não fosse necessário pagar por essa energia? O que parece bom demais para ser verdade é um sistema que já vem sendo desenvolvido – e usado como projeto piloto há alguns anos – pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e que, mais recentemente, ganhou a parceria da BMW brasileira.
Iniciado há cerca de cinco anos, o projeto da universidade envolve a instalação de um conjunto de painéis fotovoltaicos nas coberturas de edificações, que, utilizando a energia captada a partir da luz solar, carrega as baterias dos veículos.
Em Florianópolis, ligando duas unidades da UFSC, circula desde 2017 um ônibus elétrico alimentado exclusivamente com esse sistema. O veículo chega a fazer cinco viagens diárias (52km entre ida e volta). Além dele, um pequeno Renault Twizy foi testado no projeto.
Agora, com parceria da BMW Group Brasil, foram desenvolvidas estações de recarga que, além da luz solar, têm característica a reutilização de baterias que, de outra forma, seriam descartadas.
A iniciativa foi reconhecida pela matriz da BMW, na Alemanha, em abril deste ano como um dos cinco melhores projetos do programa mundial de Inovação e intraempreendedorismo que a empresa promove.
Além da universidade e da montadora, são também parceiros no projeto o Grupo Solvi, que faz a coleta das baterias usadas nas concessionárias da BMW, e a Energy Source, especialista em fabricar e montar sistemas de armazenagem de energia com baterias usadas e em sua reciclagem.
Veja aqui todos os projetos fotovoltaicos da UFSC.
Como funciona a estação
A estação de carregamento é equipada com oito conjuntos de painéis fotovoltaicos, que captam e transformam a energia solar em eletricidade, que é armazenada em seis módulos de baterias usadas. Esses módulos são ligados a inversor que monitora a energia produzida e abastece os carros elétricos, conectados em um carregador do tipo BMW Wallbox.
O processo de recarregamento foi criado tendo como base baterias usadas e já trocadas do BMW i3 vendido no Brasil. Sua bateria de alta voltagem é construída com vários módulos de fácil acesso e que podem ser trocados um a um, em caso de necessidade.
Antes de serem recicladas, porém, essas baterias ainda podem ser empregadas nas estações de recarga, aumentando seu ciclo de vida útil.
Nos primeiros testes, duas horas de recarga na estação aumentaram em 100km a autonomia do veículo. Um resultado que indica que o sistema pode ser usado, por exemplo, em unidades móveis de recarga, que podem ser levados para eventos ou locais distantes em que não exista rede elétrica.
E também não há nada que impeça que, daqui a mais algum tempo, você possa instalar um sistema semelhante a esse em sua casa ou condomínio. Sabe “o tempo da gasolina barata” de que falam nossos pais e avós? O que vem por aí pode ser ainda melhor.