O Grande ABC será contemplado com 18 das 23 estações do BRT (sigla em inglês para ônibus de alta velocidade), cujas obras devem ter início em julho. Partindo do Terminal São Bernardo, que já recebe os trólebus que circulam no Corredor ABD, o trajeto vai passar por Santo André e São Caetano, passando ainda pelo Tamanduateí até chegar no Terminal Sacomã, já em São Paulo.
Na Estação Tamanduateí o passageiro terá a opção de acessar a Linha 2-Verde do Metrô ou a Linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), de lá o passageiro tem a alternativa de seguir até a Estação Sacomã, integrando também ao Expresso Tiradentes.
São Bernardo terá oito paradas, além do terminal: Metrópole, Aldino Pinotti e Abrahão Ribeiro, Afonsina, Rudge Ramos, Senador Vergueiro, Winston Churchil e Vila Vivaldi. A parada Fundação ABC ficará em Santo André. Em São Caetano, haverá as paradas Instituto Mauá, Vila Império, Jardim São Caetano, Estrada das Lágrimas, Cerâmica, CEU Meninos, Goiás e Almirante Delamare. As estações Alcatis, Albino Morais e Rua do Grito, além dos Terminais Sacomã e Tamanduateí, estarão localizados em São Paulo.
O projeto do BRT no Grande ABC prevê 18 quilômetros de via expressa e frota de 82 ônibus elétricos, equipados com ar-condicionado, silenciosos e não poluentes. Os coletivos serão articulado, com 23 metros de comprimento cada um. O sistema de integração dos municípios da região com a Capital fará o trajeto de ponta a ponta, do Terminal São Bernardo ao Terminal Sacomã, em 40 minutos na modalidade expressa.
Além do bilhete expresso, que dará a opção do passageiro ir direto de uma ponta a outra, haverá duas outras opções de bilhetes, tradicional (com paradas em todas as estações) e semiexpressa (com menos paradas).
Coordenador de transporte metropolitano do Instituto de Engenharia, Flamínio Fichmann destacou que a existência de três modalidades distintas de viagens só é possível com a garantia de ultrapassagem nos pontos de paradas, além de priorização semafórica para os coletivos. “O BRT do Grande ABC está sendo pensado em alto padrão, com ônibus elétricos e não poluentes, paradas com conforto”, citou. Para o coordenador, que também é consultor de trânsito e transportes, o projeto deve pegar bons exemplos de alternativas que já existem e aperfeiçoa-las. “Existe um terminal da CPTM em Mauá, junto à estação de trem. A intermodalidade é a chave para o sucesso de sistemas como o BRT”, sugeriu Fichmann.
O trajeto em São Bernardo prevê um trecho no entorno do Paço Municipal, área já bastante congestionada com o tráfego de ônibus municipais, trólebus, além de carros, motos e caminhões. Para a coordenadora dos cursos de engenharia civil e de arquitetura da Metodista, Marcia Aparecida Sartori, é preciso um bom projeto de engenharia para garantir a fluidez de todos os veículos.
A obra será iniciada após a conclusão do projeto executivo, que está em andamento, com previsão de entrega e operação total em 2023. A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) será responsável por acompanhar a implantação e o gerenciamento deste novo modal de transporte. A empresa Metra, que já opera o Corredor ABC, será a responsável pela implantação e operação, com isso terá direito a 25 anos de exploração da concessão. Todo o custo de R$ 859 milhões das intervenções será realizado pela empresa e fiscalizado pelo Estado.
Maior conforto deve atrair passageiros
Não é só a promessa de viagens expressas de 40 minutos entre São Bernardo e São Paulo que deve atrair passageiros para o BRT (sigla em inglês para ônibus de alta velocidade). A oferta de veículos elétricos, mais silenciosos e confortáveis, com as facilidades prometidas no projeto, como pagamento antes do embarque, também agrada os clientes.
A analista de projeto Tainã Caldeira Corregio, 28 anos, mora no Demarchi, em São Bernardo, e trabalha em São Paulo, perto da Estação Conceição, da Linha 1-Azul do Metrô. Atualmente ela está em trabalho remoto em decorrência da pandemia, mas quando vai até o trabalho, leva cerca de uma hora e meia no trajeto.
O BRT pode fazer com que ela economize 20 minutos, mas o que realmente a atrai para o novo modal é o conforto. “Quando estava indo para o trabalho, normalmente, o trólebus ia super cheio. Já houve ocasiões em que ocorreram problemas na fiação dos trólebus e o tempo de percurso passou de três horas”, reclamou. A promessa do governo do Estado para o BRT é a de utilizar 82 veículos elétricos, com baterias, o que resolveria situações críticas como falta de energia, por exemplo.
Viagens com mais conforto em veículos menos cheios também é o que atrai a estudante do sexto semestre de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Larissa Ferreira Biscassi, 21, que mora no Ipiranga, Zona Sul de São Paulo.
Atualmente, ela usa a linha 2-Verde do Metrô para chegar até a Linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e chegar até a faculdade. “O fluxo de pessoas é muito grande e o trem está sempre cheio. Tendo alternativa, acho que vai ser muito positivo para todo mundo, especialmente aos fins de semana, quando o intervalo entre os trens aumenta bastante”, concluiu.