Quem é um simples brasileiro para dar opinião sobre eleições na maior economia mundial?
Mas a proximidade dos 80 anos e a mania de fazer cálculos o autoriza e este atrevimento.
Os EUA deve urgentemente pensar em mudar seu sistema eleitoral sob o risco de violências imprevisíveis.
A vitória aparentemente folgada de Biden (306 votos eleitorais de um total de 538) e de 5,5 milhões de vantagem na contagem física de votos, se analisada a fundo, revela uma fraqueza inquietante.
Trump não “perdeu” a eleição nos votos eleitorais (muitos a menos) e votos físicos (5,5 milhões a menos).
Foi vencido ao perder 16 votos eleitorais na Geórgia (5 milhões de votantes) por diferença de 14 mil votos,
Foi vencido ao perder 11 votos eleitorais no Arizona (3,4 milhões de votantes) por diferença de 13 mil votos
Foi vencido ao perder 10 votos eleitorais no Wisconsin (3,3 milhões de votantes) por cerca de 20 mil votos.
Se vencesse nos 3 daria empate de 269 votos e aí Trump seria eleito por ter mais Estados a seu favor.
Somando-se a diferença acima chega-se a 47.000 votos
Ou seja: se tivesse conseguido inverter o voto de 23.501 eleitores teria levado a Presidência, mesmo com 5,5 milhões de votos físicos a menos.
Nos EUA 209,5 milhões podem votar e mais de 1/3 votou pelo correio nesta eleição. Nos 3 Estados acima cerca de 4 milhões de eleitores votaram pelo correio.
Vejamos os requisitos para o voto por correio nos EUA:
1) O eleitor pede a cédula, ás vezes tendo que justificar o pedido. O coronavirus foi um dos motivos
2) O eleitor preenche um formulário on line ou por telefone
3) Em alguns Estados é necessário enviar uma cópia de documento com foto
4) A cédula é enviada para o eleitor
5) O eleitor preenche a cédula
6) Em alguns Estados pede-se uma ou duas testemunhas
7) Em alguns Estados é necessário reconhecer firma
8) A cédula é entregue no correio pelo eleitor ou por terceiro no dia seguinte ou até meses depois.
Há espaço para alguém influenciar ou burlar o eleitor. Na eleição presencial é comparecer só e votar.
Vejamos situações de EXPOSIÇÃO (de preguiça até ambição) de potenciais eleitores votantes pelo correio:
1) Eleitores mendigos e muito pobres,
2) Eleitores com dívidas,
3) Eleitores inescrupulosos que vendem o voto,
4) Eleitores enfermos não mentais ou com dificuldades de locomoção que se absteriam
5) Eleitores muito idosos que se absteriam
6) Eleitores que se ausentariam no dia de votação, por exemplo, em viagem e que iriam votar
7) Eleitores com Alzheimer, ou outras deficiências como autismo, demência, cegueira, até psicopatia.
8) Terceiros que levem votos ao correio e sabendo do voto, não entreguem ou inutilizem o voto
9) Parente ou amigo que faça sumir o documento do votante incapacitado, de opinião divergente.
10) Fazer algum acordo com alguém na agencia do correio e que faça sumir determinados votos
11) Fazer acordo com alguém no correio, que atrase o envio do voto para depois da data limite
12) Destaque-se: É incorreto ainda poder votar pelo correio, como em alguns Estados, depois que a eleição com presença física já tenha ocorrido e se encerrado.
13) Será que escrutinadores de votos pelo correio fanáticos não podem “errar” na contagem? Imaginem uns 40 mil escrutinadores desviando apenas 1 voto cada. Algo bem organizado é factível.
CONCLUSÃO: É fácil listar potenciais votantes por correio assim enquadrados e propor-lhes vantagens atraentes. Este procedimento em currais eleitorais é comum. A chance de partidos organizados é enorme. No Brasil, com voto secreto presencial, infinitos votos já foram trocados por sapatos. Imagine se candidatos poderosos pudessem usar o correio.
Em todas as eleições podem existir cabos eleitorais atrás de pessoas com as fraquezas acima.
Não ouso dizer que isso ocorra nos EUA, mas seria uma ingenuidade pensar que a possibilidade não existe.
Não estou falando desta eleição e de Biden ou de Trump, mas de possibilidades reais quaisquer que sejam os adversários. Para a fraude eleitoral basta conseguir amigavelmente a assinatura do eleitor na cédula.
A ação pode ser aditiva ou diminutiva. Na primeira age-se para ajudar a votação pelo correio. Na diminutiva age-se para interceptar ou anular o voto adversário pelo correio quando em transito.
Isto, familiares politizados, amigos politizados, campanhas organizadas detectando eleitores em situação de fragilidade e os procurando diretamente ou através de familiares e amigos, podem fazer
Se existiu situação análoga na eleição em questão, é uma incógnita.
Se se efetivou, bastou cabos eleitorais vencedores, em relação aos adversários, terem influenciado mais de 23.501 eleitores com problemas ou fraquezas a lhes entregar seus votos para os mesmos levarem seus votos até o correio como estafetas (circunstancia normal e legal).
Atente-se ainda: valorizar a decisão estadual ao invés da federal só encontra guarida em Nepal, Burundi, Cazaquistão, Estônia e Suriname. Paquistão, Índia e França também adotam algo semelhante, mas os regimes são parlamentaristas e a dinâmica de poder é outra.
Em país de 300 milhões de habitantes enquadrar 41 mil pessoas nas situações acima exposta é fácil.
As vitórias de Bush Jr e de Trump sobre Al Gore e Hillary já alertaram. Repete-se a fragilidade do sistema.
O sistema americano permite que o vencedor em apenas 11 Estados {Califórnia (55), Texas (38), Flórida (29), New York (29), Illinois (20), Pensilvânia (20), Ohio (18), Michigan (16), Geórgia (16), Carolina do Norte (15) e New Jersey (14)} mesmo que por 1000 votos em cada um, ganhe eleição onde o adversário tenha ganho nos demais 39 Estados por digamos 50 milhões de votos.
O que aconteceria se somente os Estados sulistas da guerra da secessão (17 Estados) mais apenas a Califórnia e Arizona elegessem um Presidente em situações análogas?
É prudente rever o sistema de votação da maior economia democrática mundial. Uma disputa violenta nas ruas afetaria o mundo. O povo americano continua manso, mas… Isto ainda vai dar confusão. É a crônica da morte anunciada.
Americanos: “Errar é humano, mas perseverar no erro é obstinação pelo pecado” Lucio Fragoso, Professor de Física do Colégio São Luis e da maioria dos grandes cursinhos na 2ª metade do século XX,
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* Engenheiro civil POLI/1965; pós-graduação (área de produção) na POLI/1970; ex-assessor do Presidente Ruy Leme no Banco Central/1968; na engenharia atuou na área de planejamento até 1971; dirigiu instituições financeiras até 1989; foi professor de Mercado de Capitais em cursos de especialização do Instituto Mauá de Tecnologia/80; escreveu livros; desde 1990 atua na área de consultoria financeira de empresas de Engenharia. Foi presidente do Conselho Consultivo do Instituto de Engenharia.
*Os artigos publicados com assinatura, não traduzem necessariamente a opinião do Instituto de Engenharia. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo