O Instituto de Engenharia, por meio de suas Divisões Técnicas e vice-presidências, tem realizado uma série de webinars sobre a visão de um Brasil pós-crise e a retomada da economia de forma segura e balizada na ciência.
A questão mobilidade foi um dos temas, já no mês de maio, com a webinar “Desafios do transporte público depois da pandemia” e, também, durante o “Encontro Internacional – Retorno seguro das pessoas aos Transportes Públicos”, no último dia 15.
A discussão – pautada pela ciência e amparada pela tecnologia – no artigo do nosso associado, Eng.João Octaviano Machado Neto, “Ciência e tecnologia de precisão no combate à pandemia”, publicado na Folha de S.Paulo, vincula a aplicação do tema.
O engenheiro contextualiza um projeto de combate para o avanço da pandemia de Covid-19 pautado pela ciência e amparados pela tecnologia para adotar medidas que protejam a população e que, ao mesmo tempo, permitam a retomada gradativa, de forma consciente, da economia. Com o objetivo de entender a propagação da doença a partir da malha rodoviária paulista e preparar as unidades de saúde de todas as regiões para receber pacientes diagnosticados com o coronavírus nas cidades do estado de São Paulo criou, em março, o Centro Operacional (CO) de inteligência de dados, que reúne técnicos de diversas áreas do conhecimento —como médicos, engenheiros, analistas— e servidores de diferentes secretarias.
Parte do desafio desse trabalho foi conjugar diversos campos do conhecimento para que os resultados permitissem uma compreensão singular de eventos complexos como a pandemia e sua manifestação no estado de São Paulo.
Junto com epidemiologistas da Secretaria de Estado da Saúde e de técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), realizaram cruzamentos dos dados captados nas rodovias paulistas por meio dos pedágios e dos mais de 400 aparelhos com tecnologia OCR (leitores de placas de veículos) com informações da Sivep-G (Sistema de Informações da Vigilância Epidemiológica da Gripe) para fazer as primeiras análises de propagação do coronavírus no CO.
Assim, pôde identificar a manifestação dos primeiros casos de Covid-19, a cada semana epidemiológica associado às localidades residenciais desses pacientes, possibilitando criar um mapa de como o vírus se movimenta, pelas estradas, rumo ao interior do estado.
Com esse cruzamento, diz Octaviano, foi possível alertar, com antecedência de três, até quatro semanas, a chegada do vírus às cidades paulistas. Desta forma, as autoridades sanitárias prepararam a estrutura de saúde no interior, promovendo a 30% das regiões paulistas uma abertura parcial da economia, monitorada pela ciência.
Octaviano lembra que, “Um aspecto importante é que as rodovias sempre estiveram abertas para garantir os serviços essenciais e as atividades de logística e de infraestrutura —vitais não apenas para o abastecimento, mas para a sobrevivência das comunidades, como da economia.” O engenheiro ainda destacou a importância do CO no processo de inteligência de dados na mensuração de fluxo de veículos, especialmente quando segmentado entre veículos de passeio e comerciais, trazendo informações importantes para compreensão do impacto na economia do Estado durante a pandemia, em comparação a séries históricas anteriores.
Fonte: íntegra do artigo jornal Folha de S.Paulo (22/7/2020)