Conceitos da Engenharia Diagnóstica em Edificações – Esclarecimentos

Decorrido mais de dez anos do lançamento da Doutrina da Engenharia Diagnóstica em Edificações, que vem sendo acatada e disseminada em larga escala por todo o País, percebemos que ainda persistem resquícios de resistência, especialmente dos mais conservadores, em compreender que a Engenharia Diagnóstica, através da promoção diversificada de atividades técnicas, praticadas por meio de relatórios, laudos e pareceres, resulta em um trabalho técnico exercido com profissionalismo e dedicação, em favor da sociedade e de seus próprios signatários.

A Doutrina, criada pelos engenheiros Tito Lívio, Jerônimo Cabral e Marco Antonio Gullo, e abraçada pelo Instituto de Engenharia que nos acolheu, capitaneada pela engenheira Miriana Marques, vem sendo divulgada por todo o Brasil pelo INBEC nos cursos de especialização de pós graduação, tem sido alvo de discussões e debates que, embora enriquecedores para o meio técnico, demandam esclarecimentos, evitando a interpretação equivocada sobre uma concorrência mercadológica entre o engenheiro diagnóstico e os especialistas-patologistas (conforme preferência de alguns profissionais).

A trajetória do engenheiro diagnóstico tem um começo, em que os conhecimentos teóricos e práticos de todas as áreas afetam a construção civil e precisam ser adquiridos. Existem cursos de extensão ministrados no Instituto de Engenharia e cursos de pós-graduação ofertados pelo INBEC em todo o País, que preparam profissionais para o desempenho consolidado de suas funções, como técnico especializado. Renomados professores dedicam sua expertise na transmissão do conhecimento e ensinamentos nos cursos de Engenharia Diagnóstica, que abrangem todas as disciplinas necessárias ao exercício pleno da atividade.

Além disso, existem os cursos de pós-graduação em diversas outras matérias específicas, que compõem os sistemas integrantes das edificações, formando os especialistas nas matérias, ou seja, encaminhando-os e estabelecendo o “Norte” para que os candidatos a especialistas-patologistas possam trilhá-los. Não se pode olvidar que os cursos de pós-graduação se constituem como o verdadeiro ponto de partida, o início da estrada do especialista nato, cuja titulação efetiva será “carimbada” e consolidada ao longo da sua trajetória profissional, seja por meio de estudo continuado e trabalhos desenvolvidos, bem como pela dedicação e empenho conferido à matéria ou ao tema escolhido. Esse é o caminho a ser percorrido pelo profissional dedicado que pavimentará a sua “estrada profissional” e o transformará em “expert” na Engenharia Diagnóstica que pode, inclusive, tornar-se, concomitantemente, especialista-patologista em determinadas matérias, ou na matéria específica que resolver se dedicar.

Por outro lado, o especialista-patologista que se enquadra, no caso, como “expert” de um determinado sistema construtivo, poderá desenvolver a prescrição técnica necessária por meio da proposição de memoriais descritivos executivos, projetos de recuperação, de reabilitação e/ou reforço das edificações, tanto para os sistemas construtivos inovadores que acompanham o estado da arte da construção, quanto para as adequações exigidas pelas atuais metodologias construtivas em uso.

Ressalta-se que a Engenharia Diagnóstica pressupõe, na sua essência, da formatação de equipe multidisciplinar, para que as prescrições sejam formuladas com propriedade, longevidade, e atendam a boa técnica requerida para a situação específica e meios ambientes para o tema em estudo. A consultoria, uma das ferramentas proposta pela Engenharia Diagnóstica, detém essa finalidade na sua essência.

Dessa forma, o engenheiro diagnóstico que não for especialista no sistema construtivo pelo qual há a necessidade do aprofundamento técnico, não concorre com o engenheiro especialista-patologista. Contrariamente, o primeiro, após permear e transcorrer o seu trabalho técnico mediante a utilização de ferramentas previstas na doutrina da Engenharia Diagnóstica (da vistoria, inspeção e auditoria), lança mão ou convoca o “expert” na matéria que requer prescrição técnica na consolidação do seu “plano de tratamento”.

Superados algumas preliminares fundamentais, anteriormente abordadas, resta ainda um questionamento: E a perícia? Como fica? Onde se enquadra?

A perícia por certo é desenvolvida por profissionais habilitados, eminentemente especializados na busca pelo esclarecimento de aspectos associados ao estabelecimento fundamentado de causa, origem e mecanismo de ação, no estudo das demandas técnicas que demandam e prescindem dessas explicações. Nesse caso, a multidisciplinaridade também se apresenta, recomendando, inclusive, a participação do consultor especialista, se necessário.

Percebe-se, portanto, que qualquer semelhança do engenheiro diagnóstico com o clínico geral, não é mera coincidência. O engenheiro deverá se valer de ensaios tecnológicos, realizados  em campo ou em laboratório, para validar ou rejeitar as hipóteses formuladas na proposição do diagnóstico, portanto, deverá lançar mão de profissionais especializados, até mesmo para interpretação dos resultados, aprofundamento das análises, visando, após a determinação do diagnóstico, a proposta de soluções fundamentadas.

Esperamos, dessa forma, ter elucidado alguns fundamentos previstos na doutrina proposta pela Engenharia Diagnóstica em Edificações, que em resumo pressupõe a necessidade de aprimoramento contínuo, na busca de tecnologia e conhecimento atualizados, especializados, multidisciplinaridade, espírito investigativo aliada à conduta ética e bom senso que devem sempre nortear os trabalhos e as ações necessárias, e que ultrapassam, inclusive, os ditames previstos nas leis, normas, condutas e procedimentos que requerem juízo técnico e de valor envolvendo as edificações.

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Jerônimo Cabral Pereira Fagundes Neto
Vice-presidente de Atividades Técnicas

Miriana Pereira Marques
Vice-presidente de Assuntos Internos

Marco Antonio Gullo
Diretor de Cursos