A pesquisa “Futuro da Mobilidade” realizada pela Route Automotive, consultoria que acompanha o mercado automotivo há mais de 20 anos, sugere que o futuro da mobilidade urbana na América Latina nos próximos dez anos terá como destaque o uso de carros elétricos e autônomos.
O estudo foi realizado com jovens entre 18 e 24 anos, moradores do Brasil e de cinco países da América do Sul, das classes A, B e C. No total foram realizadas 1,4 mil entrevistas. O estudo mostrou os hábitos e desejos de cada região, assim como a intenção de compra dos participantes.
Os jovens responderam ao questionamento: Que tipo de transporte escolheria se tivesse R$ 40 mil?
No Brasil, 69% dos entrevistados optaram pelo carro elétrico, nos próximos dez anos, e 34% por um veículo autônomo. Nos países vizinhos a proporção foi de 74% para veículos elétricos e 41% para autônomos.
Os entrevistados também se interessaram por alternativas inovadoras de transporte. No Brasil, por exemplo, 21% usariam drones e 23% mini-helicópteros.
Para Ivan Whately, diretor do Departamento de Mobilidade e Logística do Instituto de Engenharia, a chegada do carro elétrico às ruas brasileiras é uma realidade inevitável, motivada pela praticidade de uso dos veículos e seu impacto na redução de emissões de CO2 e poluentes.
No entanto, o especialista ainda tem dúvidas sobre os veículos autônomos “O transporte público já tem processos autônomos nas linhas de metro e futuramente nos ônibus, com corredores de alta produtividade. Mas, vai ser difícil ter espaço para carros autônomos. As grandes metrópoles brasileiras não estão prontas para estes veículos”, explica. Whately acrescenta que o uso deste tipo de transporte deve ficar restrito a indústria e universidades.
Para ele, os resultados da pesquisa “O Futuro da Mobilidade” comprovam o poder dos jovens e dos aplicativos na transformação da mobilidade urbana na América Latina. Porém, será necessário superar algumas fraquezas, entre estas a dificuldade do Poder Público de lidar com inovação.
Carro próprio
Segundo o estudo 60% dos jovens não comprariam um carro. No Brasil, 64% manifestaram não têm interesse no veículo próprio. Na América Latina a proporção é de 54%.
Porém, a curto prazo os resultados mudam. Entre os jovens brasileiros, 69% teriam interesse em comprar um carro novo nos próximos três anos, fazendo uso de consórcio. Já nos outros países o interesse cai para 62%, com ênfase em carros usados.
Whately se mostra surpreso com este resultado, e defende que as novas gerações deixaram de lado o sonho do carro próprio, optando pelo transporte público ou alternativas de mobilidade mais sustentáveis.
Entraves
Apesar da evolução da mobilidade urbana estar acontecendo de forma acelerada, ainda existem alguns desafios para introduzir inovação ao transporte latinoamericano.
“Hoje 32% das viagens são realizadas a pé nas grandes metrópoles. Os equipamentos urbanos precisam se adaptar ao ser humano. A política e os governantes têm que acompanhar a inovação e criar sistemas de mobilidade inteligente, uma tendência que será liderada pelos jovens”, conclui Whately.
Para o especialista, um Sistema Inteligente de Transporte (ITS), que conecte o transporte público com as novas iniciativas (patinetes, bicicletas, Uber) e os serviços da cidade podem garantir uma mobilidade urbana eficiente nos próximos anos.