Boa noite a todos,
Para nós que nos dedicamos ao Instituto de Engenharia, hoje é uma data especial, muito especial. Estamos aqui para celebrar o centésimo terceiro aniversário de uma iniciativa de caráter técnico e político, que prosperou sobremaneira. Foi a resolução tomada por engenheiros, no ano de 1916, com o objetivo de mostrar que sim, o Brasil pode fazer engenharia; engenharia e gerar o desenvolvimento do País, com soberania.
Foi a partir de um abaixo-assinado, somado a muita disposição e força de vontade que os primeiros engenheiros se organizaram em torno de uma causa e iniciaram a entidade que chamamos de Instituto de Engenharia.
Hoje comemoramos 103 anos de existência. 103 anos de lutas com independência e isenção! Atingir essa marca por si só já é um feito importante, mas isso está longe de ser o principal ativo da nossa Casa. Essa longevidade é fruto dos feitos, e da capacidade de renovação da instituição.
Atualmente, vivemos uma nova etapa, mais uma fase de renovação e vamos vencê-la! Vamos vencê-la por que seguiremos cumprindo nossa missão de contribuir com o desenvolvimento do País, da sociedade e, consequentemente, da engenharia.
O Brasil passa por um momento de reconstrução e retomada de confiança de toda a sociedade. Precisamos continuar a perseverar e enfrentar as adversidades. Precisamos nos preparar para o futuro, que vem rápido e que demanda cada vez mais a inovação.
Em minha luta pessoal no IE, insisto a cada dia que precisamos dedicar mais tempo na discussão de um projeto de Nação, por um País mais justo e que proporcione igualdade de oportunidades. Uma nação que promova e garanta a liberdade como um direito absoluto. E, acima de tudo, um Brasil que estimule o nacionalismo, mas não o nacionalismo xenófobo, e sim aquele que promove a fraternidade e a união dos brasileiros.
Vou repetir agora o que disse no início da campanha eleitoral de 2018, e que tenho repetido em todas oportunidades:
Precisamos de um Projeto para o Brasil!
Um projeto:
- Que privilegie figuras de estadistas … não os salvadores da pátria;
- Em que nossos políticos sejam eleitos para trabalhar por sua cidade, por seu estado, pelo País, … não apenas pela eleição seguinte;
- Que quebre as amarras cartoriais e corporativas que trabalham para si próprias e não para o bem comum;
- Que valorize quem trabalha, quem empreende, quem investe, quem produz e gera emprego e desenvolvimento;
- Que promova um Estado mais eficiente e eficaz.
- Um projeto que priorize, de fato, o principal gargalo do desenvolvimento do Brasil, a Educação Fundamental. (deixa eu contar uma curiosidade)
- Em 1860 um jovem estudante de engenharia, brasileiro, já afirmava nas cartas que trocava com seu pai, que a comunicação e a educação “primária” eram os principais entraves ao desenvolvimento do Brasil.
O jovem na época estudava na Europa e se chamava Francisco de Paula Souza, que depois fundou a Escola Politécnica, foi ministro e o primeiro presidente do IE.
Avançamos muito no que diz respeito aos sistemas de comunicação, mas a Educação Fundamental segue impedindo o desenvolvimento que tanto queremos para a nação.
Prover uma boa educação num país do tamanho do Brasil não é tarefa simples. E não há bala de prata para resolver esse problema. Muitos avanços aconteceram nos últimos anos. Precisamos com urgência olharmos com mais atenção para a formação do docente e a valorização da carreira de professor. Insisto, a Educação Fundamental é a chave para o desenvolvimento do Brasil
Aqui no IE, seguimos fazendo a nossa parte. Somos uma entidade de adesão voluntária. Trabalhamos com apoio de nossos associados e de empresas que contam com o IE como palco para o exercício de sua cidadania e também para investir em projetos para o crescimento do Brasil.
Nos últimos dois anos e meio desenvolvemos novos projetos para compor este Projeto para o Brasil, e demos seguimento a outros iniciados em gestões anteriores. Esses projetos foram apresentados para a sociedade e, em especial, para representantes dos poderes executivo e legislativo que, tanto no âmbito nacional como regional, souberam reconhecer o papel do IE como uma entidade da sociedade civil, que pensa Brasil e no seu desenvolvimento.
Em um país com 8,5 milhões de quilômetros quadrados e com uma riqueza natural literalmente invejável, se faz necessário o planejamento e a implantação de uma infraestrutura logística de ocupação do seu vasto território e um enorme esforço para a manutenção de sua independência energética e tecnológica. Em todas estas áreas, a Engenharia é fundamental.
Movidos por este pensamento e com apoio de inúmeros associados e voluntários, desenvolvemos projetos como:
- A ocupação sustentável do território nacional pela ferrovia associada ao agronegócio;
- Brasil: Alimentos para o mundo
- As hidrovias como vetor de desenvolvimento e de integração multimodal do Brasil e da América do Sul
- Desenvolvimento sustentável – o grande compromisso da engenharia
- Instituto de Engenharia do Futuro
- Governança Metropolitana dos Transportes
Lembro que esses projetos e iniciativas estão abertos para a participação de todos! E que, evidentemente, não pararemos por aí.
A questão do saneamento, que já na minha primeira passagem como presidente do IE foi tema de estudos técnicos e debates, segue em situação inaceitável:
48% da população brasileira não está ligada às redes que possibilitam o tratamento do esgoto, e cerca de 16% não dispõem de água sanitariamente segura. A melhoria do saneamento básico é trabalho para engenheiros de diferentes especialidades.
Neste momento, uma equipe do Instituto trabalha em um novo projeto com diretrizes para a universalização do saneamento até 2060.
Outro tema que está em destaque no IE é Petróleo e Gás. É urgente que o País maximize de imediato o aproveitamento das imensas riquezas do pré-sal, petróleo e gás natural. A sua substituição por outras fontes de energia já é uma realidade. Este assunto vem sendo tema de debates, reuniões e eventos no IE quando tratamos do desenvolvimento do mercado de gás natural, da geração de eletricidade e outros usos. Temos que, com urgência, transformar essa riqueza em potencial em riqueza real.
O presente nos impõe mudanças que desafiam a cultura da nossa instituição. Não temos medo de arriscar e vamos mudar.
Há mais de 10 anos começou a ser discutida no Instituto a participação dos associados de forma digital. Nesses últimos anos, com pouco recurso e muita ajuda, começamos a tirar essa ideia do papel, e lançamos a figura do associado virtual. Ele nasceu com o objetivo de eliminar fronteiras, e com uma visão que vai além de levar o Instituto para todo o País.
Queremos criar uma plataforma para o IE; uma plataforma que possibilite o surgimento de um novo Instituto em que as futuras gerações de engenheiros possam seguir exercendo sua cidadania, e se aprimorando técnica e profissionalmente.
Para vocês terem uma ideia somente neste último ano, 47 palestras foram transmitidas pela internet com mais de 53.400 visualizações, e tivemos mais de 10.400 horas de audiência.
O recurso de videoconferência, que já soma mais de mil horas de reuniões, permitiu que a nossa diretoria designasse representantes do IE pelo Brasil e pelo exterior, o que abre novas oportunidades de disseminação do conhecimento.
E isso é só o começo. Recentemente, as reuniões das Divisões Técnicas também passaram a contar com o sistema de videoconferência. Este é mais um passo importante na criação de um novo modelo de entidade associativa. Um modelo que elimine fronteiras e permita que profissionais do Brasil e do mundo participem do Instituto de Engenharia. Este é o nosso futuro!
No contexto de reconstrução e retomada de confiança, não posso terminar sem antes mencionar a Frente Reformar para Mudar. Uma iniciativa do Instituto e outras 28 entidades representativas da indústria, do comércio e de serviços e que segue trabalhando com força para que as propostas de reforma do estado brasileiro sejam aprovadas.
Finalmente, como sempre ocorre a cada ano, o Instituto de Engenharia elege o Eminente Engenheiro do Ano.
Neste ano, escolhemos o vice-almirante engenheiro Ney Zanella dos Santos por representar movimentos importantes e que devem ser aprofundados pelo Brasil: a priorização da educação e da pesquisa – alicerces fundamentais de qualquer nação bem-sucedida. E, sobretudo, por fazer, o que para alguns parece impossível, atrair e reter talentos da engenharia no País.
Nosso associado engenheiro Marcelo Rosenberg fará em nome da Instituto de Engenharia, a sua devida saudação.
Escolhemos o engenheiro Ney Zanella dos Santos por representar um forte sentimento de confiança em lideranças que estão genuinamente interessadas no avanço do Brasil.
Parabéns, engenheiro Ney Zanella dos Santos, nosso Eminente Engenheiro do Ano de 2019 e que hoje simboliza as nossas esperanças na Engenharia e no desenvolvimento do Brasil.