17% do território nacional não consta nos registros oficiais de posse da terra. Pesquisadores brasileiros e holandeses, em trabalho publicado na Land Use Policy, construíram o mapa da propriedade da terra no país cruzando o Cadastro Ambiental Rural (CAR) com 17 bases de dados oficiais. O mapa foi dividido em 14 categorias de posse, dentre as quais: Unidade de Conservação, Terra Indígena, propriedade privada, assentamento rural e outras. O mapa mostra que 44% do território é propriedade privada, 36% é pública e 17% não está registrado. Os 3% restantes são áreas urbanas, rios e lagos. O trabalho também mostrou que as sobreposições entre categorias, se somadas, equivaleriam a 50% da área registrada.
Marcelo Leite, na Folha, mostra que esses 17% sem registro equivale à uma área maior que a do Peru. Diz ele: “Não espanta que o país tenha se tornado um paraíso para os grileiros, gente que aposta na confusão fundiária com o mesmo entusiasmo com que outros (se não os mesmos) espalham desinformação nas redes.”
O que espanta é que o agronegócio de verdade, aquele que produz riquezas e incorpora a mais alta tecnologia, frequentemente se vê apoiando esses criminosos, talvez por pensarem que são do mesmo time. Não são.
Em tempo: Leite também esclarece outra fake news relativa às Terras Indígenas, a de que tem terra demais para pouco índio: “As Terras Indígenas ocupam 13% do território nacional e abrigam mais de meio milhão de pessoas. Os verdadeiros latifundiários são, bem… os latifundiários: 97 mil grandes proprietários controlam 21,5% das terras do país.”