Quando a Revolução de 1932 ganhou força, era na Escola Politécnica (Poli) da USP que as tropas da capital e do interior de São Paulo se abasteciam com munição e granadas de mão construídas ali mesmo. Dez anos antes, “camizolões de panno azul” (aventais) eram solicitados pela Poli à Penitenciária do Estado para uso por guardas e serventes. E, em 1897, a escola agradecia ao “cidadão Dr. José Ayrosa Galvão, engenheiro chefe da Estrada Paulista” pela amostra de meteorito que havia oferecido ao então Gabinete de Mineralogia e Geologia.
Essas passagens curiosas são uma pequena amostra do que é possível encontrar nos documentos que compõem o acervo histórico da Poli, agora disponíveis também on-line.
Emitidos entre 1893 (data de fundação da Escola Politécnica) e 1934 (ano em que a instituição foi incorporada à USP), cerca de 90 mil documentos foram digitalizados na primeira fase do projeto, numa parceria da Poli com a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE). O investimento para concretizar a etapa inicial foi de R$ 1,5 milhão, com captação por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
Além de relatar a rotina administrativa, financeira e acadêmica da Escola Politécnica, os livros e documentos avulsos, muitos escritos à pena, possibilitam conhecer a história e o cotidiano de toda uma época.
Digitalização
Os documentos foram cadastrados segundo as regras do Arquivo Geral da USP e da Norma Brasileira de Descrição Arquivística – as diretivas servem para facilitar o acesso e intercâmbio de informações em âmbito nacional e internacional.
Depois de higienizado, o material dos primeiros 40 anos de história da Poli foi armazenado e catalogado em caixas plásticas e acomodado no prédio do Biênio, na Cidade Universitária.
Os documentos haviam sido organizados pela última vez há cerca de 20 anos em um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Para ter acesso a eles e poder manuseá-los, o pesquisador deveria elaborar um pedido de autorização à diretoria, explicando os motivos da pesquisa.
Com a digitalização dos arquivos, todo o processo será encurtado.
Digitando palavras-chave, é possível acessar os documentos avulsos e encadernados, como atas de reuniões da Congregação, recibos de compras feitas por laboratórios e departamentos, fotografias de alunos e instalações, projetos e plantas arquitetônicas desenvolvidas por professores, entre outros materiais administrativos e financeiros.
Para garantir a facilidade na busca, foi escolhida a plataforma ICA-AtoM, utilizada por universidades e instituições de todo o mundo. Os arquivos foram reproduzidos em alta resolução e podem ser baixados em formato PDF. Alguns deles, especialmente os documentos pessoais, ainda vão depender de autorização para serem consultados.
O projeto recebeu o patrocínio da Ultra, Comgás, Itaú, Scopus, Racional e AWS.
Fonte Jornal da USP – Com informações da Assessoria de Imprensa da Poli