Vício tecnológico não é um tema novo, longe disso. Mas do ano passado pra cá, quase uma dezena de reportagens e conteúdos foram publicados sobre o porquê estamos viciados em nossos smartphones. O assunto ganhou força e as empresas de tecnologia que não são bobas, também embarcaram nessa.
Veja, a próxima versão do Android terá um par de recursos para você monitorar quanto tempo está passando em cada aplicativo, permitindo inclusive definir um limite de uso, além de um modo noturno mais poderoso, que deixará a tela monocromática e desativará todas as notificações.
No iOS 12, a mesma coisa. Haverá um modo “Não perturbe durante a hora de dormir”, que vai reduzir o brilho e alertas de notificações e o “Tempo de Tela”, um menu que diz quanto tempo você está passando em cada app. O Limite de Apps permite definir uma quantidade de horas autorizadas para os aplicativos — por exemplo, será possível definir que você vai navegar no Facebook apenas por uma hora por dia.
Apple e Google não são as únicas. O Facebook, por exemplo, aparentemente está desenvolvendo uma ferramenta para dizer quanto tempo você passa na rede social, chamada “Your time on Facebook” (algo como “Seu tempo no Facebook”). O recurso foi encontrado numa versão do app para Android por Jane Manchun Wong e dá um resumo do tempo gasto no Facebook nos últimos sete dias. A funcionalidade também possibilitaria que o usuário definisse limites de tempo e lembretes de quando a pessoa estiver próximo ao tempo estipulado.
No YouTube já é possível ativar o envio de notificações com lembretes para “dar uma pausa” depois de assistir a vídeos por muito tempo. O novo recurso pode ser ativado visitando o seu perfil no aplicativo do YouTube, no menu “Configurações”. Embaixo de “YouTube”, há uma configuração marcada como “Lembre-me de dar uma pausa”. O usuário pode escolher a frequência com que o YouTube envia essa notificação: nunca ou a cada 15, 30, 60, 90 ou 180 minutos.
Por que isso está acontecendo?
Porque é uma boa ideia para os negócios. Pode parecer contraintuitivo que as empresas queiram que os usuários passem menos tempo em suas plataformas, mas não é bem assim. Nir Eyal, autor do livro Hooked: How to Build Habit-Forming Products (Vidrado: como desenvolver produtos que formam hábitos, em tradução livre), fez uma boa analogia com cintos de segurança:
Considere o porquê você sempre coloca o cinto de segurança. Em 1968, o Governo Federal dos EUA tornou obrigatória a presença de cintos em todos os carros. No entanto, 19 anos antes de qualquer regulamentação, as montadoras americanas já incluíam os cintos como um ponto de venda, por segurança. As leis vieram bem depois que as montadoras já ofereciam os cintos de segurança porque era isso que os consumidores queriam. As montadores que vendem carros mais seguros vendem mais.
E o mesmo se aplica aos smartphones. Quantos aplicativos você já encontrou que possuem essa premissa de tornar a tecnologia menos prejudicial? Existem centenas de extensões, apps e serviços para te ajudar a dar uma desconectada, definir limites de uso de redes sociais, entre outros.
E aí, a regra é clara: quando um produto começa a prejudicar os usuários de alguma forma, a tendência é que as pessoas procurem por alternativas e deixem de usar aquilo. Então fica claro por que as gigantes de tecnologia começaram a se importar com vício tecnológico.
Fonte Gizmodo