Os cinco graus de inclinação na Torre de Pisa a tornaram umas das principais atrações turísticas do mundo. Todo ano, milhares de pessoas visitam o campanário da cidade que empresta nome à torre.
Sua construção, iniciada em 1173, deu errado desde o início. Quando ainda contava com apenas três andares, o frágil solo arenoso da região começou a ceder de um lado.
Sua construção foi retomada somente em 1272. Para contornar a inclinação, os engenheiros da época tiveram a “brilhante” ideia de construir cada um dos outros cinco andares da torre um pouco mais alto no lado em que estava afundando. A ideia era que, apesar de torta, parecesse normal quando completa.
Deu ruim. O peso aumentou daquele lado, fazendo com que afundasse no solo ainda mais. Um erro que séculos depois é comemorado por quem trabalha com o turismo nessa região da Toscana. Sua visitação chegou a ser interrompida em 1990, sob o risco de desmoronar, para reabrir em 2011, após uma obra que reduziu a inclinação em 40 centímetros e acabou com o risco de desabamento.
Mas o que sempre intrigou os cientistas é como ela se manteve em pé durante séculos, já que além do solo frágil, pelo menos quatro grandes terremotos abalaram a região desde 1280.
Agora, um grupo de pesquisa composto por 16 engenheiros, incluindo especialistas em engenharia sísmica e de interação solo-estrutura, decidiu elucidar o mistério de uma vez por todas.
“Ironicamente, o mesmo solo que causou a instabilidade inclinada e trouxe a Torre à beira do colapso pode ser creditado por ajudá-lo a sobreviver a esses eventos sísmicos “, concluiu George Mylonakis, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Bristol.
Segundo o estudo, a vulnerabilidade da estrutura faria com que até a atividade sísmica mais moderada causasse sérios danos ou até derrubasse a torre. Isso não acontece graças a um fenômeno chamado “interação dinâmica solo-estrutura”.
Seus 58 metros de altura e a rigidez da Torre de Pisa combinada com a maciez do solo da fundação faz com que as características vibracionais da estrutura sejam substancialmente modificadas, de tal maneira que a construção não ressoa com o movimento de um terremoto. Segundo os pesquisadores, a torre seria recordista mundial nesse fenômeno.
Fonte Galileu