Na última semana a União Europeia tomou uma decisão histórica: decidiu banir o uso do neonicotinóide, substância derivada da nicotina e utilizada para controlar pragas.
O neonicotinóide é um dos pesticidas mais consumidos no mundo inteiro. O grande diferencial deste agrotóxico para outros tipos é ele ser sistêmico, ou seja, se espalhar por toda a planta: folhas, flores, ramos, raízes e até, néctar e pólen. Em geral, é colocado na semente e a partir daí, toda a planta fica com vestígios dele.
Todavia, vários estudos internacionais já comprovaram seu efeito nocivo sobre polinizadores. Um deles, publicado em 2016, revelava que o neonicotinóide prejudicava a habilidade das abelhas, sobretudo dos zangões, de vibrar e desta maneira, sacudir as flores para efetuar a polinização.
Em outro estudo – “Impacts of neonicotinoid use on long-term population changes in wild bees in England” -, realizado pelo Centre for Ecology and Hydrology do Reino Unido, cientistas relacionaram o pesticida com o declínio da população de 62 abelhas selvagens na Inglaterra, entre os anos de 1994 e 2011 – período este em que a substância tornou-se bastante popular e sua utilização foi intensificada.
Desde 2013, havia uma moratória para o uso deste agrotóxico nos países da Comunidade Europeia. Mas na sexta-feira (28/04), a European Food Standard Agency deu seu parecer final sobre a proibição de seu uso na agricultura. Todavia, ele poderá ser empregado em cultivos em estufas, o que gerou algumas críticas.
A decisão entra em vigor em seis meses, ou seja, até o final de 2018. Mais de cinco milhões de pessoas tinham assinado uma petição online pedindo para que o neonicotinóide fosse banido.
“Proibir esses pesticidas tóxicos traz esperança para a sobrevivência das abelhas”, afirma Antonia Staats, da organização Avaaz. “Finalmente, governos estão ouvindo seus cidadãos, as evidências científicas e os agricultores, que sabem que as abelhas não podem viver com esses produtos químicos e nós também não podemos viver sem as abelhas.”
Obviamente, houve gritaria entre os fabricantes de agrotóxicos e algumas associações de agricultores, que dizem que a proibição trará impacto sobre a produção de alimentos na Europa.
Agrotóxicos no Brasil
No Brasil, infelizmente, o neonicotinóide ainda é liberado. E na semana passada, a bancada ruralista da Câmara dos Deputados, em Brasília, apresentou um projeto para derrubar restrições à aprovação de uso de agrotóxicos no país.
O texto do deputado Luiz Nishimori, do Paraná, prevê que estes produtos passem a ser chamados de “fitossanitários”. A intenção de mudar o nome é mascarar os efeitos dessas substâncias e assim, conseguir sua aprovação mais rápida.
Atualmente a liberação desses produtos no Brasil depende de autorização de órgãos do Ministério da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente, processo este que pode levar até cinco anos. O projeto de Nishimori faria com que o prazo fosse diminuído para 12 meses, caso nenhuma autoridade tenha se mostrado contrária a ele neste período.
O mais alarmante, entretanto, é um dos pontos do texto que revoga a proibição de agrotóxicos com características teratogênicas, relacionadas com casos de câncer e anomalias no útero e mal formação do feto.
A votação da proposta será feita no próximo dia 8 de maio. Se aprovado na comissão especial da Câmara, seguirá para discussão no plenário.
Então a hora é da sociedade civil se unir e protestar com este absurdo!
Fonte Conexão Planeta