Todo mundo se esquece de Vênus porque ele não é Marte. Ou Saturno. Ou até Júpiter. Ainda assim, o segundo planeta mais próximo do Sol merece um pouco mais de crédito do que recebe. Para mudar isso, uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) apresentou o design de um rover que eles esperam usar para explorar Vênus – e o conceito dele é incrivelmente esquisito.
O projeto Rover Autônomo para Ambientes Extremos (AREE) foi proposto inicialmente em 2015. O AREE é uma sonda que se aproveita das extremas condições de Vênus, usando, por exemplo, o vento para energizar seu computador mecânico. Como a atmosfera de Vênus é aproximadamente 90 vezes mais densa que a da Terra e pode atingir temperaturas que atingem os 462º C, os desenvolvedores precisam criar algo forte o bastante para aguentar as infernais condições do planeta.
Também vale ressaltar que o design do AREE lembra muito um possível gêmeo malvado do Wall-E.
Imagem: NASA/JPL-Caltech
Enquanto Vênus já foi explorado diversas vezes no passado, nenhuma espaçonave sobreviveu em sua superfície por muito tempo. Apesar do planeta ter recebido alguns visitantes em sua órbita nos últimos anos – incluindo uma sonda lançada em 2005 – a última vez que que um rover explorou a superfície de Vênus foi há mais ou menos 30 anos, quando a missão Soviet Veja enviou um par de balões e sondas terrestres para investigá-lo. Infelizmente, os rovers resistiram a apenas algumas horas nas paisagens infernais de Vênus.
Ironicamente, a equipe do AREE acredita poder utilizar antigas tecnologias – como Código Morse e computadores mecânicos – para criar a sonda perfeita para explorar o solo de Vênus. Sim, você não leu errado: o AREE enviaria mensagens em Código Morse para os balões na atmosfera de Vênus, que por sua vez as encaminhariam para a Terra. A equipe acredita que em um ambiente tão hostil, depender de computação “steampunk” pode ser muito melhor que depender de qualquer coisa eletrônica.
Imagem: NASA/JPL-Caltech
“Vênus é inóspita demais para os complexos controles que se tem no rover em Marte”, explica Jonathan Sauder, engenheiro mecânico da JPL que lidera o projeto AREE. “Mas com um rover completamente mecânico, é possível sobreviver por até um ano”.
Construir uma sonda para Vênus traz desafios únicos e um monte de gente está trabalhando neles. Outro time da NASA, não relacionado com o AREE, está atualmente construindo chips de computador feitos de carboneto de silício, que, com sorte, poderão aguentar a atmosfera de Vênus um dia.
Por agora, a equipe por trás do AREE está na segunda fase do programa Innovative Advanced Concepts da NASA, trabalhando no design para fazer dele algo melhor. O projeto ainda está em estágios muito iniciais e não há garantia que ele será lançado. Mas torcemos para que eventualmente o AREE chegue à Vênus – pensar em uma máquina steampunk passeando entre os gases de uma atmosfera alienígena aquece o meu 29coração.
Autor: Gizmodo