Nos dias de hoje, temos no Instituto de Engenharia a Revista Engenharia. Antigamente, também tínhamos um meio de comunicação, que se chamava Boletim do Instituto de Engenharia. Neste mês, iremos destacar a edição de outubro de 1917, sobre Dormentes da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, do engenheiro Alberto de M. Moreira, que era chefe da linha C.P.E.P.
Na Companhia Paulista a quantidade dos dormentes empregadas na substituição dos deteriorados era enorme, tinha a maior despesa de custo, depois da verba pessoal. E essa não se podia reduzir, porque era inevitável o consumo contínuo dos dormentes devido à pequena duração da madeira, geralmente empregada por peroba.
Desta essência há diversas espécies, como a peroba-rosa, a peroba-amarela, a peroba-poca. A peroba-mirim é a que tinham maior duração, porém era uma espécie rara e difícil de ser encontrada, então, geralmente os fornecimentos de dormentes eram feitos de outras espécies mais comuns, todas muito menos duráveis.
Com igual duração a da peroba-mirim, tínhamos a faveiro, o jacarandá, o ipê, a orindiuva, todas pouco abundantes.
Dormentes de peroba comum costumava durar em média de dois a três anos, já as dormentes de peroba e faveiro, chegavam em torno de sete anos. No ano de 1916, as dormentes de madeira começaram a serem substituídas pelas de pedra.
No trecho entre São Paulo dos Agudos e Piratininga, inaugurado em janeiro de 1905, foram empregados somente dormentes de faveiro, e foram substituídos 12.710, em 12 anos.
Para uma experiência, foram assentados nas linhas das três bitolas, dormentes de eucaliptos, que teve a duração média de cinco anos, o que foi um bom resultado na época.
Depois disso, as dormentes metálicas começaram a aparecer e conquistar o seu espaço, substituíram as dormentes de madeira e, consequentemente, o número de vezes que teria que fazer suas respectivas substituições.
Dormentes ao redor do mundo:
– Na Suíça, empregaram-se quase exclusivamente dormentes metálicos.
– Na Alemanha, se usava bastante dormentes de madeira e aço.
– Na Holanda, Bélgica, Índia e outras regiões da Ásia e África usavam grande extensão (ou quantidade) de dormentes metálicos.
– Na França, o tipo de dormente usado, quase em toda parte é derivado do dormente inventado por um engenheiro francês, M. Vautherin.
– Nos Estados Unidos da América do Norte, as estradas de ferro ainda estavam em fase experimental, no que se referia a dormentes metálicos
– No Brasil, somente a “Viação Ferrea do Rio Grande do Sul” e a Companhia Paulista empregam dormentes metálicos, as outras estradas ainda estavam em fase de experimentação.
Exemplar disponível na biblioteca do Instituto de Engenharia, no Memorial da Engenharia.
Autor: Martha Amorim