A tecnologia do concreto evoluiu muito ao longo dos últimos anos. O alto desempenho desse material tem se mostrado cada vez mais importante para o desenvolvimento de grandes obras em engenharia e arquitetura. Investigações militares provaram que é possível obter bons alojamentos de emergência, para casos de desastres naturais ou guerras, por exemplo, através do seu emprego. Agora, uma nova abordagem, de uma dupla de engenheiros britânicos, tem chamado à atenção do mercado da construção civil. Trata-se de uma tenta inflável em concreto.
Peter Brewin e Will Crawford começaram a desenvolver, em 2004, no Royal College of Art, em Londres, um tipo de lona de concreto geossintética, contendo compostos cimentícios. Essa tecnologia inovadora ficou conhecida como ‘Concrete Shelter’ – ou ‘Abrigo de Concreto’, em português. Inicialmente, ela foi pensada para ser carregada por militares, através de bolsas plásticas de armazenamento, totalmente à prova d’água. O kits seriam destinados para áreas de refugiados ou outras regiões muito carentes, visando o atendimento humanitário.
Esse tipo de abrigo poderia acomodar os mais diferentes usos. O primeiro teste realizado com o material foi na Etiópia, com a implantação de um projeto voltado à agricultura. A ação rendeu, aos inventores, algumas importantes premiações, como o Material Connexion, de 2009. Hoje, esse modelo de lona de concreto é enviado também a outros países. Ele tem sido utilizado, principalmente, como forro para valas de drenagem, para proteção de encostas de morros e terraplenagens. Com a cama interna do plástico esterilizada, a estrutura também pode ser adequada para uso como hospital de emergência.
Composição do material
Para que a produção da lona de concreto, desenvolvida por Brewin e Crawford, fosse possível, a maioria dos equipamentos precisou ser desenvolvida do zero, já que nunca existiu uma tecnologia similar no mercado. O material é composto de concreto seco imprensado entre tecido. Do lado de fora, há o revestimento feito de fibras porosas, que contém partículas de cimento. Já do lado de dentro, tem-se uma camada plástica, de cloreto de polivinilo, à prova dágua.
+ Montagem da estrutura
A montagem do abrigo de concreto é bem rápida. Com apenas duas pessoas, sem qualquer treinamento, já se consegue montar tudo. O trabalho deve levar em torno de uma hora. Não há necessidade de fundações especiais. Basta que o terreno seja plano, livre de pedras. Após vinte e quatro horas de reações químicas, a estrutura esta totalmente firme e pronta para ser fixada ao chão, com ajuda de estacas de metal.
Primeiro, o material flexível e leve é inflado, com um compressor de ar, até atingir a forma final desejada. Depois, deve-se regar o conjunto com água, não necessariamente potável ou doce. O resultado é uma concha de concreto robusto, endurecido entre as camadas de fibras têxteis. O abrigo está, enfim, pronto. Caso haja a necessidade de aprimorar a proteção, a tenda pode ser reforçada com blocos ou sacos de areia em volta.
+ Características
Esse modelo de tenda em concreto pode ter de vinte e cinco a cinquenta metros quadrados. Para instalações maiores, outras unidades devem ser adicionadas ao conjunto, até que se chegue ao tamanho desejado. Quando finalizada, a estrutura pode ser perfurada para receber a adição de novas portas, janelas, instalações elétrica e outros sistemas. Isso só é possível devido às fibras do material e às nervuras de reforço. Elas levam a um aumento, considerável, na resistência à tração, também evitam a propagação de fissuras e fazem a compressão parabólica – quando a concha for submetida a cargas não uniformes, pela ação do vento ou acúmulo de neve, por exemplo.
+ Vantagens e desvantagens
Embora haja benefícios, esse sistema ainda custa muito caro. Devido a pouca demanda do produto no mercado, o que impede a fabricação em larga escala, cada unidade sai na faixa de vinte e cinco mil reais. Mas, se seu material for comparado a uma edificação não temporária, ou seja, permanente, parece uma ideia até vantajosa. A estrutura em lona de concreto pode durar muitas décadas. Ela é resistente às intempéries, à abrasão e às erosões químicas. Além disso, pode proteger seus ocupantes de mais acontecimentos infelizes na vida, como serem atingidos por disparos de armas de fogo ou ficarem desabrigados novamente.
Autor: Blog da Engenharia