Estudantes da Universidade de Michigan, nos EUA, vão comemorar o bicentenário da sua escola lançando um pequeno satélite da classe cubesat.
O diferencial é que o nanossatélite será uma “cápsula do tempo”.
O satélite levará gravações de entrevistas, fotos, hinos e uma multiplicidade de outros arquivos. O material deverá ficar no espaço por 100 anos, graças a um sistema de propulsão própria, inédito para essa classe de satélites.
Os dados digitais serão gravados por nanoimpressão em chips de silício de 2,5 centímetros. Pelo menos 10 chips serão colocados em diferentes orientações no satélite, na tentativa de criar backups imunes à radiação espacial.
Dados gravados em DNA
Além do valor histórico dos dados, que serão lidos quando o satélite for recuperado daqui a um século, a equipe vai aproveitar a oportunidade para testar uma forma inovadora de armazenamento de dados usando moléculas sintéticas de DNA.
A capacidade do código genético para armazenar informações já foi bem testada na Terra, mas um teste de tão longa duração no espaço será inédito. A equipe calcula que um micrograma de DNA pode acomodar 900 terabytes de dados – a capacidade de cerca de 11.000 iPhones.
Os resultados do experimento só deverão ser conhecidos pelos netos dos atuais cientistas da universidade. “Eles saberão exatamente o que a sequência deve conter. Quando obtivermos o satélite de volta, poderemos conhecer o 'estrago' depois de 100 anos,” disse o professor Aaron Ridley.
Nanossatélite com propulsão
O nanossatélite deverá permanecer na órbita da Terra por um século, o que exigirá um sistema de propulsão. Sem propulsão, sua órbita começaria a decair a partir do momento do lançamento e, considerando a altitude planejada, ele cairia em menos de 20 anos.
“Os satélites pequenos normalmente não têm propulsão, não há espaço para muito combustível”, disse Riley, acrescentando que a equipe ainda está comparando sistemas de propulsores elétricos e químicos para selecionar o mais adequado.
A equipe espera construir e lançar dois satélites. O primeiro, esperado para o final de 2017, será um satélite de teste, com cerca de um terço do tamanho da cápsula do tempo real. Este, o segundo, ainda não tem data marcada para lançamento.
No próximo século então, a equipe espera recuperar a cápsula do tempo usando um laser para encontrar os refletores embutidos do satélite, saber sua localização e depender de algum futuro avanço tecnológico que permita sua captura e retorno à Terra.
Autor: Umich