Uma equipe multidisciplinar brasileira está desenvolvendo uma poltrona automotiva antissono, para minimizar o risco de acidentes sobretudo com motoristas profissionais.
A tecnologia pioneira e inédita foi criada por engenheiros e pesquisadores da fabricante de ônibus Marcopolo, do CEMSA (Centro Multidisciplinar de Sonolência e Acidentes) e da Woodbridge, que fabrica espuma para assentos automotivos.
A poltrona é equipada com quatro dispositivos de distração mecânica e fisiológica: assento vibratório, manta térmica de aquecimento, sistema de refrigeração e alto-falantes para mensagens.
Os comandos da cadeira são acionados por um aplicativo de celular, que se comunica com a poltrona por Bluetooth. Um módulo integrado, por sua vez, é responsável por receber os comandos e registrar os dados coletados sobre o estado de fadiga do motorista, bem como tempo de viagem e horário.
Batizada de Assento Antissono, a poltrona tem como objetivo prolongar o estado de alerta e atuar durante as fases de sonolência e fadiga do motorista de veículos pesados (ônibus e caminhões) e, assim, reduzir o alto índice de acidentes causados no transporte de pessoas e de carga.
Antissono preventivo
A partir dos dados coletados pelos sensores no Assento Antissono, um algoritmo desenvolvido pelo CEMSA, baseado em estudos sobre o ciclo cicardiano – período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico dos seres vivos – e os horários críticos de propensão ao sono, define a sequência de distratores mais adequada àquela viagem, atuando de forma preventiva.
O aplicativo determina em que momento a poltrona deve vibrar, aquecer, ventilar ou emitir alertas sonoros. O aquecimento e a refrigeração alteram a temperatura do corpo, retardando o início da fase de fadiga. Já os ventiladores sopram ar nas regiões do pescoço e das panturrilhas, diminuindo a temperatura periférica local, o que gera um pequeno estresse térmico, deixando o motorista mais alerta. Se nada der certo, os alto-falantes entram em ação e mandam o motorista parar.
Isto é diferente dos sistemas já presentes em alguns automóveis, que atuam de forma reativa, a partir principalmente de medições feitas nas feições do motorista. Segundo os pesquisadores do CEMSA, dependendo do nível de fadiga, os alertas reativos podem vir tarde demais. Prevenindo a fadiga, através de dados específicos do motorista e da jornada, é possível diminuir a incidência do sono e, assim, o risco de acidente.
Os testes iniciais, realizados em simuladores com diferentes condições de fadiga e estímulos, comprovaram a eficácia da poltrona antissono, que agora está passando por testes reais em veículos de frota. A equipe também já tem planos para integrar a poltrona com um sistema de gestão da frota, repassando dados para os operadores em tempo real.
Autor: Inovação Tecnológica