A start-up de arquitetura e decoração Hometeka aposta em uma casa transportável, feita em módulos e montada em dez dias para inovar no mercado de construção. Um imóvel de 81 m², com dois dormitórios, um banheiro, cozinha, sala de estar e uma pequena varanda coberta sai por R$ 175 mil.
O metro quadrado sai por R$ 2.160, o que é pouco mais da metade de um imóvel do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal (R$ 4.000).
No preço, não estão incluídos a fundação da casa, que depende do terreno (pode custar em torno de R$ 10 mil), e o frete, que também varia de acordo com o local de instalação. Para a região Sudeste, é estimado em R$ 12 mil. A casa é pré-fabricada em Belo Horizonte (MG), onde fica a sede da empresa.
Ela pode ser transportada já montada, separada pelos módulos, que são unidos e recebem acabamento no local. Visualmente, parece muito com uma casa contêiner, porém, a diferença está nos materiais utilizados, explica o arquiteto Pedro Haruf, 30, um dos idealizadores.
“Os módulos são um pouco mais altos e largos do que um contêiner, o que influencia no conforto térmico. A estrutura é de aço, as paredes são de placas de cimento e de gesso. O chão também é de placas de cimento e o teto, de OSB, um painel estrutural de pedaços de madeira. O exterior da casa pode ser revestido com telhas de PVC, madeira ou outros materiais.”
Casa convencional é feita em seis meses
Uma casa de alvenaria construída de forma convencional pode levar cerca de seis meses para ficar pronta, segundo Carlos Borges, vice-presidente de tecnologia e qualidade do Secovi-SP (Sindicato da Habitação). Ele diz que os custos podem variar de acordo com o local, os materiais usados, entre outros.
“Uma obra do Minha Casa Minha Vida pode custar R$ 4.000 o m², de acordo com a região. Nesse projeto, o metro quadrado custa R$ 2.160, o que é um valor muito competitivo”, declara.
Casas pré-moldadas de dois dormitórios, com cerca de 70 m², em condomínios no litoral norte de São Paulo, são anunciadas em classificados por aproximadamente R$ 260 mil, o que dá um custo de R$ 3.714 o m². Segundo Borges, a construção com pré-moldados vale a pena em escala, principalmente devido ao ganho de tempo.
Ganhou prêmio antes de virar negócio
O projeto da casa transportável foi vencedor de um prêmio de arquitetura promovido pela Hometeka em 2015. Diante do resultado, a start-up decidiu investir nele comercialmente. Os arquitetos idealizadores, Pedro Haruf e Bernardo Horta, vão receber uma comissão sobre as vendas.
Por enquanto, a empresa aposta no potencial do imóvel como segunda residência, ou seja, casa de praia ou de campo, diz Leandro Araújo, sócio da Hometeka.
“Obras de casa de lazer costumam demorar mais e dar mais trabalho pelo fato de o dono morar em outra localidade e desconhecer fornecedores locais. Estamos negociando com condomínios para tentar a venda por atacado, o que reduziria os custos operacionais. A ideia é que o cliente compre o lote e possa comprar a casa junto.”
A expectativa é vender pelo menos 50 casas em 2017 com a parceria com condomínios. A empresa ainda não faz vendas diretas para o consumidor final, mas está cadastrando potenciais clientes em uma lista de espera, segundo Araújo.
Várias plantas são possíveis
O projeto foi batizado de Casa Chassi, pelas várias possibilidades de planta que os módulos proporcionam. Cada módulo mede 9×3 metros. É possível fazer a casa com quantos desejar e até empilhá-los, para fazer outros andares.
Esse é um dos principais diferenciais, aliado à possibilidade de transporte dos módulos e à redução de custos e de tempo por usar materiais pré-fabricados.
Módulos são tendência, mas materiais devem ser analisados
O vice-presidente de tecnologia e qualidade do Secovi-SP afirma que as casas modulares, que podem ser ampliadas ou reduzidas de acordo com a necessidade, são uma tendência que já vem sendo pesquisada há algum tempo pelo setor de construção.
Ele diz que o projeto não é inovador, pois usa materiais já existentes no mercado, mas considera a possibilidade de transporte um diferencial interessante.
Ele afirma, no entanto, que deve ser avaliado se a construção segue as normas estabelecidas para bom desempenho estrutural, acústico e térmico, entre outros. “O preço é muito competitivo, mas é necessária uma análise mais profunda para conhecer a qualidade da construção e avaliar a relação custo-benefício.”
Onde encontrar: Hometeka
Autor: UOL