A Reabilitação de Edificações é procedimento tradicional e bastante avançado na Europa e EUA, sendo atividade denominada como “Retrofit”, no Brasil.
O conceito da Secretary of Interior’s Standards for Rehabilitation e de California Historical Building Code aponta que “Reabilitar é o ato ou processo de possibilitar um uso eficiente e compatível de uma propriedade, edifício ou estrutura, através de reparações, alterações ou acréscimos, preservando, ao mesmo tempo, as partes ou características que traduzem o seu valor histórico, cultural ou arquitetônico”.
Os principais objetivos da reabilitação são três: preservar o patrimônio histórico, evitar a degradação urbana e resgatar o estado de utilidade da edificação.
Sabendo-se que trinta por cento da construção civil europeia consiste em reabilitações, fácil perceber que essa atividade é de suma importância, inclusive para o Brasil, pois nosso parque de edificações já apresenta substancial quantidade de edificações antigas degradadas, a requerer reabilitações.
Os três principais focos de reabilitação incidem no desempenho do envelope (fachadas e cobertura), condições de habitabilidade e conforto e no comportamento estrutural.
As principais vantagens da reabilitação são as seguintes:
< possibilitar menor consumo de materiais;
< evitar consumo de energia em demolições;
< revigorar a malha urbana;
< regenerar vias de transporte;
< preservação histórica;
< favorece a economia, inclusive para a geração de pequenas empresas e empregos.
Portanto, a reabilitação é procedimento de preservação da história e do meio ambiente e urbano, além de propiciar o crescimento da economia, devendo ser incentivada por políticas públicas.
Porém, pouco se fez no Brasil nesse sentido, pois o foco principal sempre foi o de grandes empreendimentos habitacionais como o antigo BNH ou o programa Minha Casa, Minha Vida.
Mais recentemente, algumas Prefeituras começaram a vislumbrar boas possibilidades urbanas com a reabilitação, tal qual a da cidade de São Paulo com as leis do Retrofit e do Consórcio Imobiliário de Interesse Social, o que é um bom passo. Basta verificar que a cidade de São Paulo tem 2 milhões de m² de imóveis não utilizados, subutilizados e não edificados, para comprovar a utilidade dessa nova política habitacional, que deveria ter incentivo do governo federal para todas as cidades, com financiamentos apropriados, incentivos para o treinamento e criação de empresas nesse objetivo, além de reduções de impostos como o IPTU e outros.
Nesse sentido, vale a pena se reportar às palavras de Vitor Reis, presidente do IHRU – Instituto de Habilitação e Reabilitação Urbana de Portugal, tais como :
“Os senhores devem deixar de olhar para os seus prédios como um elemento emocional de família, mas sim como um investimento.”, ou então, “As 700 mil casas (vazias) valem tanto como o dinheiro que tivemos de pedir à Troika para tapar o buraco das contas públicas.”
Ora, temos milhares de imóveis vazios ou se degradando nos centros de nossas principais cidades, e devemos nos mirar nos exemplos europeus para reabilitá-los.
A Engenharia Diagnóstica em Edificações possui diversas ferramentas para contribuir com as investigações técnicas que permitirão projetos de reabilitação em edificações de boa qualidade.
Através das ferramentas da Engenharia Diagnóstica, tais como as inspeções de vizinhança, auditorias de projetos, inspeções de obras com ensaios e protótipos e finais avaliações do desempenho edilício, poderemos contribuir para essa importante medida em prol da nossa história, sustentabilidade e como mais um programa habitacional interessante.
Assim sendo, o novo quadro ilustrativo da construção civil de edificações deve incluir a Reabilitação (Re) no seu processo da indústria imobiliária, conhecido como PPEEU (planejamento, projeto, execução e entrega da obra), como se apresenta a seguir:
A ilustração revela que o PDCA pode ser implantado na construção civil, quer de edificações novas ou reabilitadas pois o P ( planejar no PPEE), o D (construir com desempenho e durabilidade), o C (checar com a Engenharia Diagnóstica e o A ( Mured – manter, usar, reabilitar e descontruir) formam o quadrado da Melhoria Contínua preconizado pela Qualidade Total.