“…Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim…!”
Tomo emprestado de Sérgio Bittencourt estes versos, que compõem a letra da linda música com a qual agraciou seu pai, Jacó do Bandolim, para reverenciar o eminente engenheiro e professor Walter Braga, que nos deixou neste final de fevereiro.
Esta música sobejamente cantada quase sempre com um viés de tristeza e saudade me vem imediatamente à mente pois me acostumei nos últimos anos a ver diariamente Walter e sua inseparável esposa Herma, almoçando juntos no restaurante do Instituto de Engenharia, sempre na mesma mesa situada à entrada do salão.
Quase nunca estavam só, pois naquela mesa ajuntava gente e ele recebia com frequência seus amigos ávidos para trocar um dedinho de prosa sobre assuntos técnicos e outros variados com o Professor e sua agradável esposa enquanto almoçávamos.Dentre estes, me incluía ao lado de outros companheiros como o João Ernesto, José Olímpio,Roberto Berkes, o presidente Camil e tantos outros.
Não era para menos. O Professor e engenheiro Walter Braga foi um eminente engenheiro em todos os anos de sua carreira profissional angariando reconhecimento e respeito por parte de seus colegas, muitos deles seus ex-alunos que a exemplo do mestre vem se destacaram na engenharia consultiva e de projetos.
Para se ter uma ideia de sua obra, dentre alguns de seus projetos destacam-se pela sua importância o conjunto de estruturas Heróis de 32, parte do subtrecho T-4 do Pequeno Anel Rodoviário de São Paulo (1974/ 1976), mais conhecido como Cebolão, as pontes Júlio de Mesquita Neto, sobre o Rio Tietê, os viadutos do Aricanduva, a passarela do Detran e o Elevado do Joá, no Rio de Janeiro.
Mas Walter não parou por aí e muitos outros projetos emergiram de seu talento e prosseguiram ininterruptamente até à véspera deseu passamento aos 85 anos de idade.
Nos últimos meses, com a crise econômica que nos tem assolado impiedosamente, Walter viu cancelados abruptamente os projetos contratados pelas maiores empreiteiras do Brasil junto a seu escritório, a Proenge. Em consequência, adveio-lhe a depressão e com a saúde frágil sucumbiu para tristeza de todos nós.
Seu exemplo de vida, contudo, permanecerá. Parodiando novamente o poeta , diria que em sua mente exalava tanto brilho que nos tornamos seu fã.
Como derradeira homenagem, o Instituto de Engenharia o velou em sua sede. Foi a primeira vez que isto ocorreu em sua história de cem anos.
Adeus, Walter. Que Deus o tenha.