O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) inicia 2016 com um novo modelo de previsão do tempo.
Com a mudança, as previsões vão ganhar maior confiabilidade e qualidade, principalmente nos casos de eventos extremos, como chuvas intensas e períodos de seca.
A novidade envolve o uso do BAM (Brazilian Global Atmospheric Model), que possui uma resolução espacial de 20 quilômetros e 96 camadas na vertical. O BAM substitui a última versão do Modelo de Circulação Geral Atmosférico (Atmospheric Global Circulation Model – AGCM), em operação desde 2010, processado a uma resolução espacial de 45 quilômetros e 64 camadas na vertical.
Segundo o pesquisador Sílvio Nilo Figueroa, o BAM ficou em modo experimental durante um ano e em fase pré-operacional nos últimos três meses. Uma avaliação recente do desempenho para previsões de chuva sobre a região Sudeste apresentou níveis de acerto e qualidade similares àquelas geradas pelo modelo GFS (Global Forecast System), utilizado nos Estados Unidos.
Previsão do tempo para cinco dias
Outro ponto positivo é que o BAM apresentou uma boa correlação de suas previsões em relação às observações com até cinco dias de antecedência, enquanto o antigo modelo mostrou uma queda de desempenho a partir do segundo dia das previsões.
“Com essas implementações, a expectativa é de que as previsões de tempo para o Brasil deverão melhorar bastante nos próximos meses tanto em qualidade, com maior riqueza de detalhes, como em confiabilidade, principalmente para as previsões com mais de dois dias de antecedência”, disse Figueroa.
O bom desempenho do BAM também trará impactos para os modelos regionais que serão utilizados para as previsões de ondas e correntes para a Baía da Guanabara, durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
Além disso, o novo modelo atmosférico será útil para acoplar um modelo oceânico, com o qual serão produzidas previsões estendidas de tempo por conjunto com até quatro semanas de antecedência, bem como previsões de clima sazonal para até três meses.
Supercomputador
A entrada em operação do BAM exigirá uma melhora da estrutura computacional do INPE.
Um experimento realizado para avaliar o desempenho do atual supercomputador, chamado Tupã, para processar o modelo BAM demonstrou que, mesmo utilizando toda a capacidade de processamento, foi possível gerar previsões para apenas 24 horas.
De acordo com o INPE, somente com uma nova infraestrutura computacional mais potente será possível dar continuidade aos avanços do BAM, implementar o seu acoplamento ao modelo oceânico e aos modelos regionais e, consequentemente, produzir melhorias em todas as previsões.
Autor: Inpe