O que? Nem sempre é fácil trazer as discussões urbanísticas para o público. Uma pessoa sem especialização na área pode considerar algumas maquetes tradicionais muito abstratas e não conseguem contribuir para um projeto. O MIT (Massachusetts Institute of Technology) criou um programa para apresentar planos para uma região de Boston com peças de Lego, que podem ser mexidas pelos visitantes que quiserem apresentar ideias.
Como mostrar um projeto de forma lúdica
As cidades existem por causa de pessoas e seus projetos precisam ter como enfoque as pessoas e o que elas fazem. O conceito é óbvio, mas colocá-lo em prática pode ser mais complicado do que parece. Muitos planos urbanísticos são abertos para a população conhecer, analisar e até sugerir melhorias, mas não é raro a participação ser aquém do desejado pela dificuldade de um cidadão comum lidar com a realidade ou a linguagem dessas apresentações.
Pensando nisso, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), melhor universidade do mundo na edição de 2015 do ranking QS, criou um programa para apresentar projetos urbanos de forma mais palpável ao público. E a ferramenta escolhida foram peças de Lego.
Crianças brincam de construir prédios e mini-cidades de blocos há séculos, e usar Legos para elaborar uma maquete soa natural. De certa forma, esse princípio é aproveitado. Até pela memória afetiva das pessoas, é fácil usar as peças para imaginar como a cidade se desenvolve e mexê-las como forma de indicar as sugestões. É uma linguagem mais palatável para um leigo e permite mais interação que maquetes (físicas ou eletrônicas) ou plantas.
Mas o Augmented Reality Decision Support Systems (ARDSS, ou Sistemas de Aumento da Realidade para Suporte de Decisões) está longe de ser apenas um brinquedo tamanho família. Várias tecnologias interagem com as maquetes de Lego, oferecendo informações imediatas sobre as consequências de cada sugestão na dinâmica urbana.
No Scout, um dos sistemas utilizados dentro desse programa, leitores identificam o desenho 3D feito de Lego. O usuário pode balancear parâmetros como adensamento, balanço entre moradias e empregos, transporte público disponível e área para pedestres na região. O computador imediatamente calcula as características de mobilidade da área, incluindo a quantidade de viagens necessárias por cada meio de transporte (incluindo deslocamentos a pé).
Outro sistema, o CityScope, foi apresentado em um congresso de urbanismo em Riad, cidade de 5,7 milhões de habitantes na Arábia Saudita. Para mostrar o potencial da tecnologia integrada aos Legos, o MIT organizou uma competição, em que quatro grupos de arquitetos tinham uma hora para montar uma proposta de desenvolvimento para um bairro próximo ao centro da cidade. O sistema definiu o vencedor de acordo com melhores índices de capacidade de se deslocar a pé, desempenho energético dos edifícios e acesso à luz natural.
O MIT já está realizando uma experiência real com essas tecnologias. A universidade criou um espaço para o público conhecer e dar sugestões em cima de um projeto para uma região em torno da Praça Dudley, em Boston.
Autor: Outra Cidade