Pesquisas do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) e do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), vinculados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, sugerem que a indústria nacional pode se beneficiar da utilização de resíduos provenientes de rochas ornamentais e minerais para fabricação de armação de óculos e tubetes (recipientes biodegradáveis) usados para fixação de mudas de plantas no solo.
Essas inovações tecnológicas, que estão sendo patenteadas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), podem reduzir os custos para as empresas, gerar menor dano para o meio ambiente, e enriquecer o solo, segundo os pesquisadores.
Uma das pesquisas se refere à utilização de polipropileno e resíduos oriundos de rochas ornamentais para a produção de armação de óculos de alta resistência, de autoria dos pesquisadores Roberto Carlos da Conceição Ribeiro, Marcia Gomes de Oliveira e Fernanda Veloso de Carvalho. Roberto Carlos Ribeiro disse que, embora haja produção no Brasil desse material, os elementos utilizados – talco ou resinas – são mais caros.
“Utilizando resíduo mineral, é possível reduzir custos em relação ao que se utiliza hoje. Não é um resíduo mineral qualquer. É um resíduo mineral descartado no meio ambiente”, disse Roberto Ribeiro. Segundo o pesquisador, como o novo processo não usa carga virgem – e sim um resíduo de rochas ornamentais – o custo é praticamente zero. “Os produtores de rochas ornamentais querem se livrar desse material e eu consegui gerar uma armação de óculos com resistência mecânica, flexibilidade e leveza, que pode constituir um novo material para o mercado”, acrescentou.
Segundo o pesquisador do Centro de Tecnologia Mineral, a rede de incubadoras ligadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação busca inovações dentro dos institutos de pesquisa e passa informações para empresas interessadas em estabelecer parcerias visando a transferência tecnológica e produção industrial das invenções.
Roberto Ribeiro disse que a indústria, antes de produzir granito ou mármore cortado, descarta 70% a 80% da matéria prima retirada das rochas. Esse material é jogado pela indústria em aterros. Segundo o pesquisador, Espírito Santo e Minas Gerais, por exemplo, “já não suportam mais receber tanta carga de resíduos”. Acrescentou que até pouco tempo, os rejeitos eram lançados em rios e córregos, gerando um problema grande de assoreamento. “Mas o Ministério Público entrou em ação, as prefeituras foram orientadas a implantar depósito para esses resíduos”, disse o pesquisador. Roberto Ribeiro disse que existem depósitos clandestinos no interior do país. Se houver interesse das indústrias em estabelecer parceria no projeto, esses resíduos de rochas ornamentais poderão ter uma nova finalidade.
A fabricação de tubetes – usados para fixar mudas de plantas – constitui outra experiência de sucesso dos pesquisadores Roberto Ribeiro e Marcia Gomes de Oliveira, do Centro de Tecnologia Mineral. O material plástico utilizado atualmente na confecção dos tubetes é biodegradável. Esses equipamentos fixam a planta no solo e o material plástico se degrada, mas não acrescenta nada de positivo. “Nossa ideia foi que, em vez de ter um polímero simplesmente se degradando ao longo do tempo no solo, sem contribuir em nada para ele positivamente, nós resolvemos colocar resíduos ricos em fósforo ou potássio na composição do polímero”.
Com isso, na medida em que o tubete se degrada no solo ao longo do tempo, ele vai despejando na terra os fertilizantes naturais, “seja potássio, fósforo ou corretores de PH (alcalinidade), como cálcio e magnésio”. Esse processo evita, ou retarda, por outro lado, o uso de fertilizantes químicos. “Na medida em que a planta está se adequando àquele solo, você está levando também nutrientes para facilitar a fixação dessa planta no solo”.
O objetivo, conforme disse Roberto Ribeiro, é preservar e meio ambiente e permitir que os produtores de rochas possam gerar um subproduto dentro de sua linha de trabalho, utilizando os resíduos como uma carga mineral.
Autor: Agência Brasil