A estudante Alice Cunha da Silva, de 25 anos, foi a primeira brasileira ganhar o prêmio de melhor pesquisa da Olimpíada Nuclear Mundial. Aluna da faculdade de engenharia nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela precisou superar outros quatro finalistas (dois da Índia, um da Malásia e um das Filipinas) para vencer a competição.
Mas como ela chegou até lá? Durante um curso técnico em informática, ela foi estagiar no setor de TI do Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear e passou a se interessar pela área.
“Quando estava em época de vestibular um amigo me contou sobre a criação do curso de Engenharia Nuclear na UFRJ e resolvi colocá-lo como primeira opção”, disse a EXAME.com.
Ela se deu bem no curso. No segundo ano teve um estudo selecionado para uma conferência de estudantes da área, promovida pela Sociedade Americana Nuclear (ANS). Depois, ganhou uma bolsa do Ciência Sem Fronteiras para estudar no Departamento de Engenharia Nuclear da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA.
Na Olimpíada Nuclear Mundial, Silva falou sobre como a energia nuclear pode salvar vidas — uma escolha com fundo pessoal.
“Minha avó foi diagnosticada com câncer de mama e precisou passar por alguns exames e tratamentos de radioterapia”, disse a EXAME.com.
A estudante diz que quis participar da competição para divulgar as diferentes aplicações do “mundo nuclear”. Para ela, a disponibilização de tratamentos de medicina nuclear ainda é baixa no SUS.
“Precisamos abrir mais vagas para os pacientes que morrem em filas de espera e levar esses tipos de serviços para cidades do interior, já que os tratamentos, em sua maioria, são concentrados em centros metropolitanos”, disse Silva.
Além disso, segundo ela, a engenharia nuclear pode salvar vidas de diversas maneiras.“Desde a não emissão de gases de efeito estufa durante a operação de uma usina nuclear até esterilização de mosquitos causadores de doenças diminuindo a proliferação das mesmas”, explica.
Com o prêmio em mãos, a jovem diz que pretende terminar a faculdade até março de 2016. Após o fim da graduação, ela quer trabalhar e iniciar um mestrado.
“O meu foco de estudo tem sido a área energética e as vagas de emprego nessa área são em empresas públicas”, conta. “No entanto, o governo decidiu adiar a abertura de concursos públicos o que restringe muito a possibilidade de trabalho no Brasil”.
A competição
A Olimpíada Nuclear Mundial teve duas fases. Primeiro, Silva precisou explicar seu trabalho em um vídeo, que teve mais de 16 mil curtidas. Depois, escreveu uma dissertação sobre o assunto e fez uma apresentação de dez minutos para os jurados.
Única candidata mulher, Silva recebeu o troféu das mãos do diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica. “Foi incrível sentir a preocupação dos mais antigos no setor com o desenvolvimento de jovens profissionais como eu”, diz.
O vídeo (em inglês) produzido por Alice Cunha da Silva pode ser visto abaixo:
Autor: Exame.com