Os tons de verde das 29 espécies de plantas que vão cobrir o Condomínio Edifício Huds, localizado entre a Rua Helvétia e a Avenida São João, já podem ser vistos por quem passa pelo Minhocão, na região central da capital. O prédio é o primeiro das imediações do elevado a receber a cobertura vegetal na empena cega, nome técnico para as paredes sem janelas dos edifícios. Outros sete aguardam avaliação para poder construir a estrutura.
O painel de 302 metros quadrados começou a ser feito em julho e, segundo a Prefeitura, deve ser finalizado no próximo dia 5. “No sábado passado, subi no elevado para ver o começo. Conseguiram plantar um jardim em uma parede. Estou muito emocionada, o trabalho é belíssimo e espero que vire moda em São Paulo. Tivemos coragem de abraçar a ideia primeiro, porque a gente precisa respirar melhor”, diz Vera Lúcia Francisca de Jesus, de 52 anos, a síndica do prédio.
Vera conta que foi realizada uma assembleia e a preocupação inicial dos moradores dos 33 apartamentos do edifício era com custos adicionais. “A preocupação do morador é com o gasto, porque não temos condições de pagar um valor extra. Mas tudo foi explicado. O centro merece ser revitalizado.”
O trabalho está sendo conduzido pelo Movimento 90º, que tem o projeto de construir 8 mil metros quadrados de parques verticais em 20 prédios da região ao longo deste ano.
“O nosso objetivo primordial é a criação de ilhas de conservação de biodiversidade vegetal em ambientes que sofreram interferência do homem”, explica o engenheiro agrônomo Rodrigo Bordigoni, que trabalhou com a escolha das espécies que compõem o painel, entre elas diferentes tipos de samambaias.
Especialista em paisagismo, Bordigoni diz que os benefícios dos jardins verticais vão além do embelezamento da cidade. “Há uma suavização da composição da paisagem urbana, a formação de ilhas de conservação de biodiversidade, pois eles têm um planejamento para atração de pássaros. Tem ainda o aumento da umidade relativa do ar.”
A irrigação não será um problema para os prédios. “Ela é feita por um sistema automatizado com bicos de microgotejamento e coordenada por um computador central. O sistema tem como premissa a otimização de água.”
A empresa que será responsável pela implementação e manutenção deste primeiro jardim vertical na região será a WTorre, que atua no setor de construção de imóveis residenciais e comerciais. Segundo a Prefeitura, o preço do jardim foi de R$ 253.943,55 e a empresa fará o trabalho de manutenção por seis meses. Após o prazo, a gestão municipal assume a função.
Desde maio, a Prefeitura abriu um chamamento público para prédios interessados em instalar a estrutura, que estejam a até uma quadra do Minhocão. Em março, a gestão já tinha incluído os jardins verticais e telhados verdes entre as compensações ambientais para empresas e pessoas físicas que interferiram na vegetação ao construir edificações.
Autor: O Estado de S.Paulo