A DARPA, agência conhecida por levar tecnologias aos limites, tendo já feito próteses controladas pela mente e submarinos que lançam drones, está com um novo dispositivo em produção. Mas essa inovação já é conhecida por todos nós: o tubo de vácuo. Você talvez tenha alguma memória dele, já que a tecnologia foi inventada em 1904.
Sim, o tubo de vácuo, um marco para os eletrônicos do início do século XX e televisores de tubo, pode estar prestes a voltar. Mas isso não quer dizer que os engenheiros da DARPA estão entediados ou nostálgicos: os tubos de vácuo do futuro rodarão frequências e energias maiores que os tubos arqueológicos do passado, com performances melhores.
Mas vamos voltar um pouco no tempo. Para aqueles que não se lembram, um tubo de vácuo é simplesmente um dispositivo que controla a eletricidade ao prender a corrente de dois ou mais eletrodos dentro do vácuo. Tubos de vácuo foram um componente básico em muitos dos primeiros eletrônicos, incluindo rádios, televisores, radares, equipamentos de gravação e computadores. Mas entre as décadas de 1950 e 1960, a invenção dos semicondutores tornou possível a produção de dispositivos físicos menores, mais duráveis e eficientes, e os tubos de vácuo gradualmente passaram a desaparecer. Os tubos permaneceram nos monitores de computadores e TVs até o início dos anos 2000, quando foram finalmente substituídos por telas de plasma e LCD.
Ainda assim, tubos de vácuo não desapareceram por completo das nossas vidas. O magnétron dentro do micro-ondas, que é responsável por liberar energia e aquecer a sua comida — possui o mesmo tipo de tubo de vácuo que tornou o radar uma possibilidade no início do século XX. A tecnologia por trás do tubo de vácuo ainda é encontrada em satélites de comunicação e em modernos radares do sistemas de aviação, graças a sua habilidade incomparável de gerar sinal de alta frequência pelo poder dos chips.
“Toda vez que você precisar operar a alcances maiores do poder de frequência do parâmetro de espaço, tubos de vácuo são a tecnologia que irá ajudar”, diz Dev Palmer em um anúncio do novo programa de estudos das ciências e tecnologias de vácuo, a Innovative Vacuum Electronic Science and Technology (INVEST), na DARPA.
Com a INVEST, a DARPA leva os tubos de vácuo de volta a mesa de projetos. A agência espera contornar alguns dos problemas de engenharia que limitavam o poder e a frequência de operação dos tubos. Por exemplo, na foto de capa, um tubo de vácuo amplifica os sinais ao trocar energia cinética em um feixe de elétrons (a linha azul) com energia eletromagnética (onda laranja). Conceitos como este podem levar o tubo de vácuo a novos limites.
E qual tipo de aplicação a DARPA quer dar ao novos tubos? Naturalmente, defesa é prioridade na lista:
Eletrônicos a vácuo são capazes de operar a frequências maiores e ondas menores (no milímetro da região da onda) que a atual geração destes dispositivos, oferecendo significantes vantagens a defesa. Sinais RF de alto poder de operação são mais “altos” e desta forma fica mais difícil de congestionar e interferir. Enquanto isso, operações de frequências mais altas trazem consigo um vasto espectro de possibilidades antes indisponíveis. Isso também abre a possibilidades para uma comunicação mais versátil, dados de transmissão e outras capacidades que serão benéficas tanto para militares quanto civis.
Então, da próxima vez que você jogar a sua TV de tubo no lixo e se sentir triste com a tecnologia ultrapassada, lembre-se: os tubos já mandaram no mundo. E seus descendentes podem herdá-lo. [DARPA via Popular Mechanics]
Foto de capa: DARPA
Autor: GizModo