Conforme publicado pela Associação Brasileira de Energia Eólica(*), o Havaí quer produzir 100% de energia limpa até 2045, conforme projeto de lei que tramita na Câmara Legislativa daquele local. Caso se torne uma lei, o setor de energia ganhará incentivos para a produção das seguintes renováveis: eólica, solar, marinha e geotérmica. Atualmente, 23% da matriz energética deste estado norte-americano é proveniente das fontes eólica e solar. O saldo da produção energética, além de não renovável é fornecido por outros estados, contrariando os princípios estratégicos, sociais, econômicos e ambientais. E o Havaí, dada as condições geográficas, dispõe de um cenário propício para produção de energias renováveis em razão das condições existentes no arquipélago. A intensa atividade vulcânica nas camadas subterrâneas da região, gera o calor necessário para produção de energia geotérmica. Da mesma forma, o sol, o vento marítimo e a movimentação das águas, são condições ideais para a produção de energia solar, eólica e marinha respectivamente. Com este conjunto de oportunidades climáticas, espera-se alcançar até 2020, a produção de 30% de energia limpa de toda a matriz, e 70% até 2040. Estas informações nos obriga a uma reflexão sobre o modelo brasileiro de energia, as condições climáticas existentes na América do Sul e as possíveis oportunidades para o Brasil e todo continente. Porém, mais do que isto, vale também refletir de como o mundo está enxergando estas questões.
Podemos afirmar com naturalidade que, para os havaianos tornou-se fundamental substituir fontes não renováveis totalmente pois, os 23% atuais de energia limpa tem se mostrado insuficientes(lembrando que o Brasil talvez somente neste ano venha atingir 4% entre eólica e solar). Desta forma tramita uma legislação específica para atingir este objetivo e caso aprovada haverá uma política de incentivos. Pode-se concluir também que o caro ou barato, no tempo presente, não é fator determinante. E provavelmente não ficará barato, até porque se fosse viável economicamente não seria discutida uma política de subsídios. Ou seja, a decisão é ESTRATÉGICA, sendo mais importante subsidiar no presente para substituir no futuro …aí sim com vantagens econômicas e ambientais. Vale ainda destacar que esta visão não é exclusivista daquele pessoal que usa camisas coloridíssimas e que gosta de surfar arriscando-se entre ondas violentas e tubarões, posturas meio malucas. Outros povos, em outros continentes, mais próximos de padrões “normais” estão buscando estas alternativas, como já demonstramos em artigos anteriores. No entendimento dos havaianos, o mar é fonte de energia, e possuindo uma costa apropriada, estão enxergando este fator como uma grande oportunidade. Desta forma, mais do que produzir campeões esportivos através do surf, entenderam que “surfar na onda” é muito mais do que subir numa prancha.
Enfim, talvez esteja na hora de copiarmos um pouquinho mais o Havaí. Foi muito bom o nosso campeão mundial Gabriel Medina ter se empolgado com as ondas imensas daquele lindo arquipélago. Mas podemos e devemos ir muito alem da inspiração esportiva e cultural exportada pelo simpático povo havaiano.
Portanto há muito mais por copiar do Havaí … e do resto do mundo também.
E na falta de apoio e visão estratégica do governo brasileiro, vale lembrar das linhas de crédito de empresas privadas em nosso país para utilização de energia limpa. Existem por exemplo, diversas oportunidades para instalação de painéis solares muito vantajosas economicamente. Para quem não tem acompanhado este mercado, saibam que foram desenvolvidas parcerias com fundos privados que permitem o financiamento de materiais/equipamentos não necessitando nenhum investimento inicial. Neste modelo de negócio, o contratante reembolsa o contratado com a economia que a energia solar gerar sobre a fatura mensal da concessionária. São, naturalmente contratos com um compromisso de longo prazo, acima de 10 anos, para permitir a viabilidade econômica da parceria.
Ou seja, só não muda os conceitos aqui no Brasil … quem não conhece o Havaí.