Com o recrudescimento da crise hídrica muitos condomínios estão procurando ou recebendo do mercado propostas para aumentar a oferta de água, uma vez que há risco de desabastecimento por conta do rodízio de água praticado pela Sabesb que fatalmente se ampliará já nos próximos meses se as previsões meteorológicas se confirmarem.
Estas propostas vão desde a instalação de um poço artesiano até a captação de águas pluviais e a reutilização de “águas cinzas” geradas no próprio condomínio (águas oriundas de pias, chuveiros e máquinas de lavar).
A utilização de poços artesianos nos condomínios dos mais diversos portes, shoppings centers, hotéis, e outros vêm se constituindo em uma solução que se tem revelado viável economicamente já a curto prazo visto que ocorre redução dos custos tarifários uma vez que se deixaria de remunerar a água, pagando-se somente a conta de esgotos. Contudo, a possibilidade de não se encontrar água subterrânea no local é um risco real. ( As águas proveniente de poços profundos atendem aos padrões de potabilidade não necessitando ser tratadas a não ser por simples cloração).
Também a utilização de águas pluviais, águas de “minas” e o aproveitamento de águas cinzas para atividades menos nobres tem sido cogitadas e, em alguns casos, já implementadas em grandes condomínios e shoppings, porém ainda em pequena escala.
Entretanto, nos condomínios residenciais, normalmente constituídos de prédios de apartamentos localizadas na área urbana as opções quanto ao aproveitamento de outras águas que não as da rede pública se reduzem dramaticamente tendo em vista a necessidade imperiosa de se manter intacta a qualidade de água para o suprimento aos moradores e se manter um aparato operacional interno sofisticado para o reuso de água.
Desta forma, resta apenas viável técnica e economicamente (com ressalvas) a construção de um poço artesiano e, quando muito, o aproveitamento das águas pluviais e as de “minas” , ambas de ocorrência intermitente e quase sempre contaminadas.
As águas pluviais se contaminam nos telhados e coberturas quando encontram dejetos de pássaros e outros animais ao escorrerem em direção às calhas e colunas. Já no solo, aumenta a contaminação e a turbidez. Neste caso o tratamento deveria ser feito de forma completa por métodos físico-químicos com filtração em areia, carvão ativo e até por membranas tornando complexo o processo de purificação. Alguém imagina os transtornos que se teria um condomínio se tivesse que contar com uma equipe especializada para operar e manter esta estação de tratamento dentro do prédio? Quanto custaria esta operação? Quem faria o controle de qualidade? E se fossem “águas cinzas”? Mesmo assim, muitos condomínios desavisados pressionados por seus próprios moradores estão inclinados a adquirir no mercado os chamados “equipamentos compactos” de tratamento de água julgando que seu funcionamento proclamado por muito vendedores se dê de forma automática sem maiores problemas. Um verdadeiro “mico”.
Desta forma, a utilização de águas pluviais só se viabilizaria desde que a captação fosse feita diretamente dos telhados e coberturas ou nas colunas e seu uso, após filtração e desinfecção com cloro, ficaria restrito somente ao molhamento de jardins e lavagem de pisos de áreas comuns do codomínio. O mesmo valeria também para as águas de “minas” desde que tratadas de maneira similar. “Águas cinzas”, nem pensar
Assim sendo, a melhor opção para o de condomínios seria promover uma campanha entre os condôminos quanto a necessidade de economia de água o que pode ser conseguida sem muitas dificuldades desde que se utilize água de forma parcimoniosa lembrando que os maiores consumos são devidos ao uso de chuveiros, WCs e máquinas de lavar.
Maior nível de conscientização já responde por uma economia de pelo menos 25% do consumo de água. Esta cifra foi extraída de estudos da própria Sabesp que constatou que o consumo per capita na Capital caiu neste período de crise de 190 à 140 litros por pessoa por dia. Mas esta redução pode ser ainda maior se outras medidas de economia de iniciativa do próprio morador forem postas em prática.
Para remate assinale-se que o suprimento de água potável é uma questão de saúde pública e como tal deve ser tratado com a seriedade que merece.