Veja entrevista com Pedro Badra, coordenador da DT de Informática, sobre o curso cBIM

Engenheiro Pedro Badra, coordenador da DT de Informática e assessor da presidência para Assuntos BIM, e que está à frente do curso cBIM – Building Information Modeling 

Instituto de Engenharia – Foram realizadas várias palestras sobre o BIM no ano passado e neste ano, o que motivou o senhor a fazer esse curso?

Pedro Badra – Durante o ano passado eu mostrei no Instituto de Engenharia, em todas as palestras, as possibilidades que o BIM oferece na engenharia, evidenciando a necessidade de mais conhecimento do que o simples conhecimento do software. Hoje, quando se fale em BIM, normalmente o profissional foca em um software e não é isso: são diversos softwares interagindo nas informações, que gera o que é o BIM – a informação modulada na construção. As palestras têm confirmado que há necessidade de mudar essa visão e mostrar o contexto da importância desse sistema, as suas facilidades e a condição de implantação na organização.

É muito comum exigir do profissional que faça um curso específico de software, mas depois ele tem problema na implantação, na organização e nas interelações de diversos projetos em BIM. Essa interelação é hoje uma necessidade para o Brasil e uma atualidade mundial. Até 2013 a quantidade mundial que utilizava BIM era de 12% a 15%, hoje já está em 77% e, no Brasil, não deve atingir 10%.

Instituto de Engenharia – A que se deve essa adesão tão baixa no Brasil? O valor da implantação?

Pedro Badra – Sim, ao valor do software e, também, a outros fatores, como o conceito errado da dificuldade da implantação – e por isso das palestras aqui no Instituto de Engenharia -, a fraca ou quase nenhuma divulgação nos meios de ensino sobre essa tecnologia e da necessidade de cursos técnicos no sentido de trazer o conhecimento global do sistema BIM e não o conhecimento específico de um software.

Instituto de Engenharia – Para o setor público, há algum posicionamento do governo no sentido de exigir projetos de licitações desenvolvidos com o uso do BIM?

Pedro Badra – Hoje o governo já está exigindo em diversas modalidades de contratação o projeto em BIM, o que dá detalhes e um conceito mais ágil dos projetos preliminares, básicos e executivos. O trabalho em BIM às vezes já está bem definido no projeto básico, propiciando custos e planilhas de orçamento muito mais detalhadas e precisas. Em Santa Catarina já existe o primeiro modelo de contratação de projetos em BIM. Há um movimento de grandes organizações para se contratar em BIM. A Associação Brasileira de Norma Técnica também está trabalhando para a normatização desse sistema e de suas fases necessárias para a implantação.

Existem duas maneiras de se impor essa tecnologia: a inglesa e a francesa. Na Inglaterra, o governo padronizou e impôs a utilização do BIM. Na França, o mercado que está impondo essa necessidade, o governo não tem participação normativa. No Brasil, a tendência é seguir o modelo francês. O mercado tem exigido cada vez mais que os profissionais se reciclem para que atendam às necessidade técnicas do 3D.

Instituto de Engenharia – Fale sobre o curso.

Pedro Badra – Nas palestras, ministradas no Instituto de Engenharia, dividimos em duas formas. No primeiro ano, para as disciplinas de Arquitetura, Estrutura, Elétrica, Hidráulica e Infraestrutura trouxemos profissionais que mostraram o que o software e a tecnologia BIM oferecem. E sempre sentimos a necessidade de aprofundamento de conhecimento. No segundo ano, abrimos a possibilidade para que tomassem conhecimento da operação do software para desmistificar seu uso, pois sempre falam que o BIM é complicado.

Ao longo dessa demonstração existe um segmento que são os gerenciadores de informação. Nessa parte observei a total falta de conhecimento dos participantes em relação a essas ferramentas. Isso nos alertou da necessidade de se formar profissionais com conhecimento desse gerenciamento e mais ainda: de como esses profissionais devem se comportar dentro das organizações, sendo eles vetores para desmistificar essa “dificuldade” que todo mundo imagina que aja.

Foram seis meses de reuniões para montar o primeiro módulo do curso. Nesse módulo, de 100 horas, o profissional verá a implantação e o gerenciamento de informação, útil para a empresa ou para ele mesmo, noções de operação, aprimoramento da operação do software, gerenciamento dessas informações e noções de implantação dessas tecnologias. Ele completará o curso como um técnico.
Em seguida estamos programando outros cursos com menos tempo, mas com o mesmo objetivo.

Instituto de Engenharia – Há alguma exigência para fazer o curso ?

Pedro Badra – Para fazer o curso é necessário ter o conhecimento básico. Haverá uma análise, um questionário que deverá ser respondido, no qual mostrará em que estágio o interessado está de conhecimento. Tem de haver conhecimento básico para que possamos aprimorar.

Instituto de Engenharia – Qual o futuro do BIM na Engenharia?

Pedro Badra – Hoje não se fala mais em futuro, se fala na presença do BIM. Mundialmente não se concebe mais projetos que não tenham sido desenvolvidos em três dimensões. Em locais como EUA, Europa, China, Cingapura não se fala mais em orçamento de projeto e concepção de projetos. Já se trabalha com o risco daquele projeto. Passou a fase da elaboração dos projetos nas suas análises para a análise do risco do projeto em BIM. Isso só é possível com o desenvolvimento dessa tecnologia. Quem não tiver o conhecimento, vai sair do mercado.

Quando foi o seu encontro com a tecnologia BIM?

Pedro Badra – Em 1987, houve uma feira na Hungria em que se colocou um concurso que se fez um comparativo de tempo de um projeto em AutoCAD (2D) e de um em ArchiCAD (3D). Foi massacrante o desenvolvimento do projeto em 3D…isso em 87. Tomei conhecimento desse software em 1988. Em 1989, implantei o BIM na orçamentação e de lá para cá venho me desenvolvendo cada vez mais.

Mas só em 2004 que senti que o mercado começou a entender da necessidade da utilização do tridimensionamento do projeto. E no Brasil essa percepção de mercado só veio em 2007, quando se viu a grande necessidade dessa tecnologia. Hoje, nas obras de infraestrutura, habitacionais, aeroportos não se concebe apresentar um projeto que não seja em 3D, para que o cliente e os projetistas saibam como será a obra.

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Autor: Isabel Dianin