A cada litro de etanol fabricado nas usinas, são produzidos entre 10 e 18 litros de vinhaça, um resíduo líquido muito malcheiroso, que contém várias substâncias dissolvidas e suspensas.
Esse resíduo é muito usado para a fertirrigação – que é a aplicação de fertilizante com água nas lavouras -, mas alguns estudos indicam que ele está causando impactos ambientais, como a salinização do solo e a poluição das águas subterrâneas.
A boa notícia é que uma nova técnica de tratamento da vinhaça produz um hidrocarbono, ou carbono hidrotérmico, um material sólido, rico em nutrientes, que pode ser utilizado como fertilizante, sem os danos causados pela vinhaça jogada diretamente no solo.
A técnica foi desenvolvida por uma equipe da Unesp e da Universidade Federal do Ceará.
Carbonização hidrotérmica da vinhaça
O processo – chamado de carbonização hidrotérmica da vinhaça – ocorre em reator fechado, onde a temperatura fica acima do ponto de ebulição da água. “Tal procedimento assemelha-se àquele realizado em uma panela de pressão, porém sem a válvula de despressurização, e envolve temperaturas bem superiores às necessárias para o cozimento dos alimentos,” explica Laís. Laís Fregolente, responsável pelo desenvolvimento da parte experimental da técnica.
Durante esse “cozimento”, a matéria orgânica dissolvida ou suspensa na vinhaça transforma-se em hidrocarbono e água.
“Como na vinhaça também há íons dissolvidos com potencial fertilizante, no processo de formação do carbono tais íons também podem ficar retidos nesse material, que também terá potencial fertilizante,” explicou a professora Márcia Cristina Bisinoti.
Água clarificada
O processo também gera “água clarificada”, uma água útil para irrigação, assim chamada por ser mais limpa e transparente do que a vinhaça.
“A água clarificada poderia ser utilizada tanto para irrigação de lavouras quanto para reúso no processo industrial, ou ainda em processos rotineiros na indústria canavieira, como lavagem de pátio e lavagem da cana, entre outros”, disse Márcia.
A pesquisa gerou uma patente depositada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Autor: Unesp