Na véspera da entrada em vigor das novas regras para a distribuição de sacolinhas no varejo paulistano, que começam a valer nesta quinta-feira (5), indústria e varejo ainda pressionam a prefeitura para que postergue o prazo em que terão de se adequar. Pela nova determinação, os estabelecimentos comerciais ficam proibidos de distribuir as tradicionais sacolinhas plásticas brancas.
Para substituí-las, a prefeitura liberou a distribuição de um modelo de sacola verde padronizada, que os consumidores só poderão usar para o descarte de lixo seco (como metal, papel e vidro), de modo que seja reconhecida pela coleta seletiva.
Também fica permitida uma versão de sacola cinza, que pode ser reutilizada para outros tipos de resíduo. Ambas deverão trazer impressas as informações sobre descarte consciente e serão feitas de material de fontes renováveis, de custo mais elevado para o varejo. Alguns supermercadistas já começaram a distribuir, mas o setor estima que nesta quinta nem todos os pontos de venda da cidade terão os novos modelos.
Na indústria de transformação de plásticos, a avaliação é que não foi suficiente o tempo para adequar as linhas de produção à matéria-prima, fornecida pela Braskem, e aos novos padrões de tamanho e resistência. A resolução com os detalhes para a produção da sacola saiu no dia 15.
Representantes do setor dizem ter solicitado à prefeitura que a entrada em vigor seja postergada. Procurada, a prefeitura não se pronunciou. A Braskem diz que “não há falta de produto e que está preparada para atender a demanda por resinas plásticas tanto de origem renovável como de fontes petroquímicas”.
SEM OBRIGAÇÃO
Entre supermercadistas, a interpretação é que a norma não os obriga a doar as novas sacolas aos clientes, ou seja, o varejo vai retirar as antigas sacolas brancas para não ser multado, mas não se sente obrigado a oferecer as novas embalagens permitidas.
“O prefeito trouxe uma forma para que a sacola, sempre tão vilanizada, passe a ser o veículo que vai potencializar a reciclagem, mas alguns pontos ainda precisam ser discutidos”, diz Miguel Bahiense, presidente da Plastivida, entidade que representa a cadeia do plástico.
Custo e especificações padronizadas são as principais queixas. O Sindiplast (sindicato do setor), que já entrou na Justiça contra a proibição dos sacos brancos, diz que “recorrerá até as últimas instâncias sobre a possibilidade do município de legislar acerca das sacolas plásticas”.
Autor: Folha de S.Paulo