Os EUA e a China firmaram em novembro último um acordo histórico para redução das emissões de gases efeito estufa, pois são os responsáveis por 40% das emissões globais.
Resolveram unir esforços visando em 2025 alcançar 28% de redução das emissões. Um esforço e tanto dos líderes que partiram de uma determinação : postura
Riscos para economia? Redução das atividades industriais? Enganação ? Jogo de cena?
Ledo engano quem assim estiver pensando. Pois não é enganação, tampouco haverá risco da redução da atividade econômica por reduzir emissões. É um contrato de líderes em vista de uma clara necessidade e naturalmente da oportunidade da geração de novos negócios.
Pois ao estabelecer metas, os líderes, sejam políticos ou CEO’s, sinalizam aos consumidores, investidores e sociedade em geral, os targets dos negócios, criando assim um parâmetro que permitirá constante comparação entre os objetivos planejados e alcançados. Esta é a famosa credibilidade que estimula especialmente os investidores. A mensagem é clara : invistam em energia renovável (calcanhar de Aquiles para EUA/China). Desta forma, toda cadeia de suprimentos se agita. Começando pelas Universidades atraindo investimento de fundações(*), e passando pelos profissionais da inovação que buscarão novas soluções e o aprimorando das tecnologias existentes.
Enfim, o mercado irá colocar uma face da economia em andamento em detrimento de outra, onde o ganho de escala futuro compensará eventuais perdas do início da caminhada deste novo processo. Simples assim. Quem perde e quem ganha? Depende da qualidade dos planos, respeito aos budgets, manutenção da “regra do jogo”, desaguando na famosa eficiência da execução dos planos combinados.
Ou seja, estarão todos buscando ganhos e eficiência, pois precisam produzir mais com menos (especialmente custo ambiental).
No Brasil, a inversão desses valores ou inexistência deles é gritante. Só no tópico “regra do jogo”, temos na violação da LDO um bom exemplo de como as coisas mudam da noite para o dia ao sabor da ineficiência obtida, assunto este para outro dia. Portanto sigamos em nosso tema do mercado ambiental e nas questões de planejamento de utilização de água, energia elétrica e emissões de gases de efeito estufa.
Temos na emissão de gases, uma postura governamental confusa e ineficiente pois a maior fonte de emissão (60%) é decorrente de desmatamento/queimadas, especialmente na Amazônia. Desta forma, para o país controlar a emissão bastaria unicamente combater o crime. Pelo que se sabe da Constituição, isto é uma atribuição do Estado, luta até o momento muito inglória, apesar de informações oficiais proclamarem reduções das emissões. Os motivos de insucesso são conhecidos, indo da falta de planejamento (doença crônica no Brasil), passando por interesses duvidosos mas acima de tudo, pela falta de postura.
Para estabelecer metas de redução dos custos em negócios (ambientais ou não), é imprescindível o respeito a este “detalhe” chamado postura. Claro, pois é necessário convencer stakeholders da seriedade das propostas.
Algo que o líder da atual maior nação do planeta está procurando agora demonstrar, no caso das emissões. Pois, seriedade na postura é algo tão ou mais importante que a ação em si. Tanto que há 2.000 anos, o líder do Império Romano, a maior potência da época (talvez o maior império até hoje), cunhou uma verdade com sabedoria mais que atual, dizendo : À mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta”. Ora queimada é crime, logo se houvesse critério deveria ser considerado com “tolerância zero”, contudo o site do INPE (Instituto Nacional Pesquisa Espacial), portanto oficial, registrou 35.000 pontos de queimadas somente em 2013. Imaginem os extraoficiais (**).
Evidencia-se portanto duas formas claras de postura neste tema: EUA/China, países em crescimento que definem metas, e o Brasil a ½ década estagnado economicamente, com postura flácida. Portanto, esta inoperância oficial é que deve alertar o empresariado e cidadãos brasileiros para o que nos cabe fazer nas questões cruciais: água e energia elétrica.
Pois vivemos uma realidade nada confortável de escassez de água, aliada ao custo crescente da energia elétrica (com provável falta) e a nova alta de combustíveis no início do ano. Torna-se portanto fundamental planejarmos nossas reações empresariais para minimizar os efeitos deste cenário que está batendo a nossa porta.
Na questão do consumo de água, muito pouco tem sido feito pelas empresas, considerando que existem opções disponíveis, de facílima execução e altamente rentáveis. Somente para ficar num exemplo, a cadeia de distribuição de produtos industrializados de São Paulo, possuem verdadeiros “mares de telhados” onde a captação das águas das chuvas de verão, teriam o retorno do investimento no caixa, antes do inverno. Porém sequer 1% deste mercado utiliza esta estratégia.
Quanto as alternativas de redução do consumo de energia elétrica, há uma Itaipu de ações à disposição do empresariado, que deve obrigar-nos uma nova postura diante dos colaboradores, investidores e fornecedores, como meta indiscutível para 2015, independente do tamanho da empresa.
E os casos de desperdícios aí estão a nos servir de exemplos desperdiçados nos últimos anos.
Escolha um hotel em São Paulo mediano (04 estrelas com 20 anos de edificação) e procure saber a idade do chiller. Provavelmente será original e portando gerando custos de energia alucinantes. Longe de São Paulo, só Deus sabe como estes assuntos estão sendo tratados.
Portanto estabelecer metas e persegui-las tenazmente será fundamental neste processo para redução de consumo combustível, energia elétrica e água para 2015, produtos que certamente serão cada vez mais escassos e caros .
É uma cultura pouco comum no Brasil. Nosso estilo brazuca é conhecido por trocar o pneu com o carro em movimento, após o problema constatado.
Mas temos que lamentavelmente admitir que esses problemas já estão no nosso cardápio do reveillon e portanto somente nos resta agora lutar com a equipe unida, lembrando que teremos que correr em dobro neste jogo, pois há pelo menos 04 anos alguns jogadores abandonaram a partida sem uma gotinha de suor na camisa.
Para tal, estamos fazendo a nossa parte, pois o Portal SustentaHabilidade encerra 2014 superando 250 mil acessos, e tem divulgado estas questões frequentemente, participando e moderando debates de eficiência energética entre outros temas, como no início dezembro na Câmara de Comércio Brasil Alemanha em São Paulo
Então ficamos assim amigo leitor, temos tudo para fazer um grande 2015.
Mas teremos que começar a construí-lo dia 02 de janeiro, nem um dia a mais, pois o novo ano não promete ser fácil.
Desejamos portanto Boas Festas a todos, porém mais do que nossos votos, queremos ratificar a dura missão de cada um de nós: construirmos, nós mesmos, Feliz 2015.
(*) A Família Rockfeller (Standar Oil) viu-se pressionada a investir US$ 860 milhões através do Rockfeller Brothers Fund, para energias menos poluentes.
(**) Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (OC), em 2013 o Brasil emitiu mais gases que me 2012.
(***) A Consultoria PSR apontou que nossas hidroelétricas utilizam 4% mais água (que se previa) para gerar o mesmo volume de carga.