Em uma década, a quantidade de alunos de graduação a distância cresceu 23 vezes. A oferta de vagas diversificou —saltando de 8 para um leque de 84 cursos. Os formandos, antes pouco além de 4.000, alcançam 161 mil.
Os indicadores mostram como a graduação a distância ganhou espaço no país e conseguiu se expandir para setores até então inexplorados.
Em 2003, esses cursos beiravam 50 mil matrículas —1,3% do total da graduação. Em 2013, 1,15 milhão— 15,7%.
“É uma tendência mundial e irreversível. As empresas também estão investindo em treinamento a distância, em cursos corporativos. Elas estão acreditando nisso”, diz Ivete Palange, consultora da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância).
A maioria absoluta das matrículas —97,2%— estava concentrada antes na área de educação, como pedagogia. Agora, essa fatia caiu para 38,9% devido ao crescimento de outros cursos —que incluem ciências contábeis, enfermagem e engenharia.
Para Palange, as tecnologias de informação e comunicação superam entraves como a falta de interatividade entre alunos e professores.
Se antes a plataforma online de educação a distância se limitava a textos e gráficos, hoje é recorrente acesso a videoaulas e softwares que simulam experimentos.
Matriculado no primeiro semestre de engenharia civil a distância do Iesb, centro universitário privado de Brasília, Mauricio Meuren, 43, reconhece que a modalidade exige foco do estudante.
“Tenho esse perfil de aprender sozinho e sou muito focado. Separo meus horários, dou uma estudada e continuo minhas atividades”, afirma o empresário.
A cada 15 dias, ele tem aulas presenciais na instituição. “Eu me sentiria desestimulado em fazer um curso todo presencial, vendo um professor falando dez vezes a mesma coisa sendo que você já aprendeu e quer caminhar.”
DEBATE
A expansão do ensino a distância, entretanto, é motivo de debate entre entidades de classe. O Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), por exemplo, criou um grupo para discutir “medidas de regulação”.
“O conselho reconhece que os cursos estão crescendo e, portanto, se prepara para quando houver demanda de registros de graduados em cursos a distância”, diz Daniel Salati, coordenador da comissão de educação da entidade.
Na avaliação de Paulo Speller, secretário de Educação Superior do MEC (Ministério da Educação), eventuais resistências são motivadas por “desconhecimento.”
“As pessoas começam a ver que isso existe em outros países e com qualidade e não tem porque isso não acontecer aqui também”, afirma.
Para a consultora da Abed Ivete Palange, a tendência é que haja desenvolvimento de cursos “híbridos”, em que não haja mais distinção entre as modalidades.
Ela lembra que, de acordo com as regras atuais, 20% do conteúdo de um curso presencial já pode ser realizado a distância.
Autor: Folha/UOl