Engenheiros devem ocupar cada vez mais cargos na área técnica

Tradicionalmente seduzidos para postos de gestão e pelo sistema financeiro, engenheiros se deparam com uma nova tendência: a de cargos cada vez mais técnicos. A grande demanda de infraestrutura no País deve estimular o mercado, principalmente nos setores de energia, biotecnologia, transportes e construção habitacional, este último impulsionado pelos programas governamentais de moradia. O desafio ainda é aumentar as apostas de inovação na indústria.

O raciocínio lógico e a capacidade de resolver problemas, típicas dos engenheiros, fazem com que eles tenham bom trânsito entre o chão da fábrica e as reuniões com executivos de banco. Dentro das áreas técnicas, o engenheiro também é versátil.

“As escolas têm investido em formação generalista, de base teórica forte, na linha contrária do discurso de superespecialização”, avalia o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) Mario Sergio Salerno. A escolha do curso, para ele, também não pode considerar apenas as demandas econômicas sazonais. “O mercado muda bastante, mas não sobram engenheiros nunca”, diz.

Embora os cálculos pareçam a tarefa mais árdua, a profissão exige perfil dinâmico. “Além de saber lidar com pessoas e ver as estratégias de mercado, engenheiros precisam se adaptar às novas tecnologias”, diz a vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da FEI, Rivana Marino.

dAinda incipientes no Brasil, setores de pesquisa e desenvolvimento das indústrias são apontados como o futuro. “Toda atividade ligada à inovação cresce”, diz Salerno, da USP. “Hoje também é muito maior o número de alunos que admitem criar seu próprio negócio.”

Depoimento – Leonardo Gallo, aluno de Engenharia Elétrica

“Com a complexidade maior das tecnologias, nós precisamos ser ainda mais multidisciplinares. É comum começar como técnico e terminar na direção da empresa. O engenheiro usa a boa capacidade de analisar sistemas, seja um carro ou um chip, mas também é frequentemente atraído para outras áreas, como a financeira. Usamos o raciocínio matemático para encontrar soluções.”

Depoimento – Guilherme Junqueira, consultor e engenheiro de Produção

“Quando me formei, na década de 1990, a maioria dos meus colegas foi para banco ou consultoria. Isso se reverteu depois dos anos 2000, com a valorização da carreira técnica. O recrutamento de profissionais também mudou. Além da formação analítica, buscam-se pessoas com experiências do mundo moderno de conectividade, a economia virtual. Quem viajou para fora ou investiu em startups, por exemplo, também leva vantagem.”

Autor: O Estado de S.Paulo