O Sistema Cantareira, inaugurado há 40 anos atrás, fruto da ação de abnegados engenheiros sanitaristas dotados de uma visão de verdadeiros estadistas, trouxe um novo conceito de abastecimento de água para São Paulo mudando até a maneira de se referir as vazões captadas, tratadas e aduzidas, não mais como meros L/s característico dos acanhados sistemas até então existentes mas para m3/s que possibilitava melhor retratar a grandiosidade do novo sistema.
O Sistema Cantareira, formado por barramento dos rios Jaguarí, Jacareí, Cachoeira e Atibainha foi projetado para produzir água de excelente qualidade para abastecer segundo uma vazão de 33 m3/s uma população de 8.8 milhões de pessoas localizadas na Região Metropolitana de São Paulo(47% do total abastecido). Nesta vazão está inclusa a contribuição de2 m3/s do Juqueri , rio da bacia do Alto Tietê.
Em 7 de março de 2014, devido ao prolongado período de secas na região que abastece o Sistema Cantareira, (seus reservatórios atingiram 15,8% de sua capacidade utilizável, o pior nível desde 1974, ano em que foi criado). Devido a esta baixa histórica, a Agência Nacional de Águas e o Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) determinaram uma redução da vazão máxima de captação de água do sistema a partir de 10 de março de 2014
Segundo o Engº Julio Cerqueira Cesar, a outorga do sistema Cantareira autoriza, em condições normais, a retirada de 31 m³/s para São Paulo e a liberação de 5 m³/s para a bacia do Piracicaba. Em condições de escassez esses números baixam para 24,8 m³/s para São Paulo e 3 m³/s para a bacia do Piracicaba. Desta forma, o governo do Estado determinou à Sabesp que reduza a retirada para São Paulo em 10%, ou seja, passe a retirar apenas 27,9 m³/s a partir de segunda-feira dia 10 de Março atendendo à sugestão do Comitê da Crise (ANA – DAEE).
Até 2001, data da última crise de abastecimento de água na Região Metropolitana, não se atentava para o volume morto do Cantareira, aliás desconhecido de muitos, em razão do fato de que a vazão firme de 33 m3/s (incluídas as águas do Juquerí) era suficiente para atender a demanda, mas já apresentando sinais evidentes de saturação.
O volume morto do Cantareira é na realidade o volume de água que, para ser extraído, necessita de bombeamento. Encontra-se primordialmente no reservatório do Jaguari e é estimado em cerca de 400 milhões de m3. As características qualitativas da água ao longo da profundidade são desconhecidas, assim como o volume real que poderá ser extraído e sob que vazão.
De qualquer forma, a Sabesp já adquiriu em regime de urgência 20 conjuntos elevatórios dotados de bombas do tipo flutuante para serem dispostos estrategicamente na superfície da água daquele reservatório . Cada bomba terá sua própria linha de recalque direcionada em direção ao túnel de saída para então seguir o curso natural das águas até a ETA Guaraú.
Não se sabe ao certo quando ficarão prontas estas obras emergenciais e quando estarão operacionais, Outros sistemas produtores (alto Tietê e Guarapiranga), por outro lado, não serão capazes de suprir a demanda de água deixada de ser atendida pelo Cantareira devido a redução da captação naqueles reservatórios.
O fato é que um racionamento de água já deveria ter sido imposto à Região Metropolitana dada a grave crise de abastecimento pela qual passamos. Parte dos recursos hídricos do Sistema Cantareira contribui para o suprimento de água de 73 cidades da região de Campinas (PCJ) que por esta razão já estão passando por racionamento de água.