Desde criança Luiz Fernando Leal Gomes, morador do Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro, sonhava em ser piloto de caça. Hoje, aos 19 anos, os planos mudaram, mas não a paixão pelo espaço. O brasileiro foi admitido pelo Instituto Tecnológico da Flórida, nos Estados Unidos, onde pretende cursar engenharia aeroespacial. As aulas começam no segundo semestre do ano.
Luiz Fernando ainda precisa da resposta de mais cinco instituições americanas para saber em qual vai se matricular. Outro determinante para a matrícula será conseguir uma bolsa de estudos, que nos Estados Unidos, geralmente, é concedida a partir da condição socieconômica da família. O fato de ele ser admitido pela instituição não significa que vai poder estudar de graça.
O jovem cursou o ensino fundamental na rede particular como bolsista, e o ensino médio no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), do Rio de Janeiro, que faz parte da rede pública de ensino.
No Cefet, fez curso técnico de eletrônica. O pai de Luiz Fernando é professor, e a mãe trabalha como recepcionista.
A paixão do brasileiro pelo espaço é “culpa” do tio que levou o jovem para assistir uma “corrida aérea” no Rio quando ele tinha 13 anos. “Foi um dia atípico na minha vida. Quando vi os aviões passando, fiquei estarrecido, só conseguia falar 'uau'. Naquele dia disse para mim mesmo que seria piloto de caça”, diz.
O estudante começou a pesquisar a área e descobriu que para ser piloto de caça tinha de entrar na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), localizada em Barbacena (MG). A prova de admissão é bem concorrida. Na primeira vez que tentou Luiz Fernando não passou. Na segunda, em 2010, foi aprovado, mas não conseguiu ser admitido pela escola porque detectou uma miopia – o que impede o exercício da profissão de piloto.
Desse modo, Luiz Fernando partiu para um plano B e entrou para o curso de eletrônica no Cefet. Foi lá também que descobriu o universo das olimpíadas, principalmente a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).
“Fui o primeiro aluno do Cefet a ganhar medalha de ouro na OBA. Fui convidado a participar de eventos na área de astronomia e realizei um projeto de lançamento de foguetes. Fui conhecendo gente, meu ídolo é o [astronauta] Marcos Pontes e pude conversar com ele no ano passado”, afirma Luiz Fernando.
“Aos poucos peguei gosto pela engenharia espacial. O que me encantou é a possibilidade de criar espaçonaves que são lançadas em direção ao espaço. É algo importante para a humanidade.”
Luiz Fernando quer estudar no exterior por acreditar que a área de engenharia aeroespacial está mais avançada fora do país e terá mais oportunidades. Lá também pretende descobrir quais setores quer explorar mais.
O estudante lembra que durante o 'application' – processo seletivo americano – escreveu uma redação reproduzindo a frase que ouviu de um amigo logo após saber que não seria aceito pela Escola Preparatória de Cadetes do Ar. “Ele me disse: 'o destino guarda algo melhor e você vai descobrir outra maneira de voar'. Na hora não acreditava nisso, fiquei muito mal.”
O jovem nunca saiu do país, mas acha que se adaptaria bem com a vida longe da família, principalmente com a ajuda da internet e a possibilidade de matar as saudades via Skype. O que lhe preocupa agora é a questão financeira – já que ainda não sabe se terá ou não bolsa integral que cobre despesas de mensalidade, hospedagem e alimentação. Seus pais não teriam condições de cobrir todos os custos.
“Não estou tranquilo porque sei que esta é uma parte que pode me prejudicar. Passei pelo mais difícil, mas estou esperançoso. Não dá para ser barrado pelo financeiro, seria uma grande tristeza.”
Autor: G1