Viva Brazuca: de perto com a bola oficial da Copa do Mundo 2014

Mas qual seria a graça da Copa do Mundo se eles usassem a mesma bola que você usa nas peladas da firma?

Em 2006, na Alemanha, a Adidas se afastou do design tradicional de 32 painéis com a +Teamgeist (de 14 painéis). E em 2010, na África do Sul, ela tirou mais quatro painéis – é a Jabulani:


Cada Copa do Mundo recebe uma nova bola para os jogos. Ela é feita pela Adidas desde 1970, quando a empresa passou a patrocinar a Fifa. Para os jogos de 2014, não podia ser diferente: esta é a Brazuca, a bola oficial da primeira Copa do Mundo no Brasil em mais de cinquenta anos – e há algo de polêmico sobre ela.

Para começar, a Brazuca tem seis painéis. Seis! Uma bola padrão de futebol tem 32 painéis, e se parece muito com a primeira bola feita pela Adidas para a Copa do Mundo, a Telstar de 1970:

Alguns jogadores – especificamente os goleiros – reclamaram que a nova bola era muito leve e imprevisível, dificultando a defesa. De fato, a Jabulani lidava com a resistência do ar de forma diferente que as bolas usadas nas ligas europeias, o que dificultava defender cobranças de falta.

Mas a Adidas parece estar bem confiante de que acertou no design com seis painéis. Testamos a bola no mês passado, na sede americana da empresa em Portland. Não sou jogadora profissional de futebol, mas gostei da Brazuca no meu teste rápido.

Nós não fomos autorizados a tirar fotos, mas tivemos alguns momentos para chutar a Brazuca. Ela é leve, fácil de segurar na mão e responde rapidamente aos movimentos – é uma bola mais confiável. Ela saltava e ia exatamente para onde eu queria. Na verdade, alguns jogadores compararam a Brazuca à bola da Liga dos Campeões, que é feita de painéis em forma de estrela – e conhecida por ser confiável.

Quanto à aparência, os painéis não são os tradicionais hexágonos: parecem seis bumerangues idênticos e ligados entre si. A versão que eu vi era branca, uma das últimas versões de teste antes da inauguração oficial da Brazuca, que ocorreu ontem à noite no Rio de Janeiro. A versão que será usada em 2014 tem um design vibrante, inspirado pelas fitas do Senhor do Bonfim, usadas para fazer três desejos. Ela também traz algumas cores e o céu estrelado da bandeira do Brasil.

A escolha do nome “Brazuca” foi feita no ano passado por votação popular: ela levou 77,8% dos votos, ganhando de “Bossa Nova” (14,6%) e “Carnavalesca” (7,6%). No total, foram 1,1 milhão de votos.

Quanto às especificações, a Brazuca pesa 437 gramas (um pouco mais leve que a Jabulani) e tem 69 cm de circunferência, próximo a uma bola comum. Os engenheiros da Adidas insistem que os tamanhos dos painéis compõem a fórmula geométrica perfeita para uma bola de futebol. A forma da Brazuca tem como objetivo dar maior aderência à bola, torná-la mais estável de se manusear, e melhorar sua aerodinâmica.

A Brazuca passou por testes rigorosos, envolvendo tanto máquinas como pessoas. Por exemplo, nós vimos imagens da bola sendo chutada constantemente por um pé mecânico, e depois pressionada entre dois braços mecânicos. A Adidas colocou-a secretamente para ser usada em jogos comuns de campeonato, para ver como os jogadores respondiam.

De certa forma, a Brazuca parece ser uma resposta direta às críticas de jogadores nos últimos anos. Em 2010, elas vieram de goleiros. Em 2006, alguns jogadores diziam que a bola +Teamgeist favorecia os artilheiros e, em 2002, diziam que a bola Fevernova era feita para jogadores técnicos. Desta vez, a Adidas promete que fez a Brazuca para todo jogador, não importando a posição.

E a empresa diz que testou a bola de todos os jeitos: pressão, absorção de água, altitude, recuo – tudo isso foi considerado. Na verdade, a Adidas diz que esta foi a bola mais testada de todos os tempos, talvez antecipando algumas das críticas que ela vai sem dúvida receberá ao longo dos próximos seis meses.

Foram cerca de 18 passos até a FIFA aprovar a Brazuca, começando com a fase de conceito, passando por testes de laboratório, testes de viabilidade, inúmeros ajustes e vários testes de campo por mais de 600 jogadores de 30 times em dez países.

No entanto, o único teste que importa virá em junho, quando começar a Copa do Mundo – é quando saberemos se a Brazuca é boa mesmo. Ou, mais provavelmente, é quando veremos quem vai reclamar sobre a bola com seis painéis.

Autor: GizModo