[Imagem: Marcos Alberto Rodrigues Vasconcelos]
A cratera denominada Serra da Cangalha, com aproximadamente 13 quilômetros de diâmetro, situada no município de Campos Lindos (TO), foi criada pelo impacto de um meteorito, ocorrido há centenas de milhões de anos.
A conclusão é de Marcos Alberto Rodrigues Vasconcelos e Álvaro Penteado Crósta, do Instituto de Geociências da Unicamp.
A estrutura tem 13 km de diâmetro e foi criada pelo impacto de um bólido que teria 1,4 km de diâmetro e viajava a 12 km/h.
A pesquisa é a primeira a utilizar no Brasil a modelagem matemática para a identificação desse tipo de estrutura.
De acordo com o professor Crósta, duas formações na área – Serra da Cangalha, no Tocantins, e Riachão, no Maranhão – separadas por somente 45 quilômetros, haviam sido estudadas na década de 1980 pelo pesquisador norte-americano John McHone, mas ele não chegou a estabelecer evidências conclusivas quanto ao processo que as formou.
A etapa inicial da pesquisa, conforme Vasconcelos, compreendeu o levantamento de dados geofísicos, coletados por avião, para analisar a assinatura geofísica das crateras e compará-la com a de outras estruturas de impacto.
A seguir, foram feitas expedições de campo para obter informações como o campo de gravidade local e realizar um estudo das assinaturas de forma mais detalhada.
Entre essas assinaturas está a presença de rochas deformadas pelo impacto do meteorito. Estas rochas, por terem sido submetidas a condições de altíssima pressão e temperatura, deformam-se seguindo um determinado padrão, apresentando, por exemplo, fraturas com formas cônicas.
“Nenhum processo tectônico é capaz de provocar esse tipo de estrutura. Nós demos sorte de encontrar essas feições logo na primeira visita de campo em Serra da Cangalha”, esclarece Vasconcelos.
Parque do meteorito
De acordo com os cálculos dos geólogos, o meteorito que atingiu a Serra da Cangalha tinha 1,4 km de diâmetro e viajava a uma velocidade de 12 km por segundo.
O professor Crósta observa que não foi possível estimar a data aproximada do impacto porque faltavam elementos para isso. “Para fazer a datação, nós precisaríamos coletar rochas que foram derretidas pela pressão e calor do impacto. Como a cratera se encontra bastante erodida, esse material, que possivelmente estava na superfície, deve ter se perdido há milhões de anos”, estima ele.
Na opinião tanto do professor Crósta quanto de Vasconcelos, a cratera de impacto da Serra da Cangalha provavelmente é a mais bonita do Brasil.
Apesar do processo erosivo, a cratera apresenta, em seu interior, uma serra em forma de coroa com cerca de 3 quilômetros de diâmetro, com paredes com até 300 metros de altura.
“Ou seja, a cratera é constituída por dois círculos concêntricos de montanhas, que ainda estão muito bem delineados apesar da erosão. Há interesse do governo do Tocantins em criar um parque estadual no local, mas não tenho detalhes de como anda essa iniciativa. Nós chegamos a nos reunir com as autoridades locais para discutir sobre essa possibilidade, que nos parece viável, pois a região é muito bonita. Entretanto, há limitações. Embora a cratera não seja de difícil acesso, ela está localizada em uma área remota do estado do Tocantins”, informa o professor Crósta.
Autor: Inovação Tecnológica