A culpa pelo atraso de obras em seis dos 12 aeroportos brasileiros em capitais que receberão a Copa do Mundo no ano que vem é dos engenheiros brasileiros, que são ruins e elaboram projetos mal feitos. Na hora da execução, todo o planejamento e cálculos tem de ser refeitos e a obra atrasa, além de ficar de mais cara. Essa é a explicação do ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, para o problema.
“Os atrasos não acontecem por falta de dinheiro ou de vontade, é por responsabilidade”, disse. “Os projetos que pegamos para executar são muito ruins, e temos refazer todos eles”, afirmou Franco a dezenas de jornalistas editores de jornais regionais durante o evento “Encontro Nacional de Editores da Coluna Esplanada”, promovido pelo jornalista Leandro Mazzini na quinta-feira.
“Temos uma geração inteira de engenheiros nos anos 1970 e 1980 que saíram da faculdade direto para o mercado financeiro, então há uma carência de profissionais experientes e qualificados nessa área. Os jovens não saem bem formados da faculdade e os projetos são muito ruins”, disse. “As empresas tem uma dificuldade muito grande em suprir isso e fazem verdadeiros milagres”, continuou, sobre as obras tocadas pela Infraero, sob responsabilidade do governo. “Os engenheiros são ruins”.
O governo planejou, em 2011, uma série de melhorias para os aeroportos das 12 cidades-sede. Em seis deles, porém, nem metade das obras de ampliação de terminais foi feita. A Infraero garante que todas as reformas estarão concluídas até junho do ano que vem, quando cerca de 600 mil turistas estrangeiros devem desembarcar no país, segundo a Embratur.
O Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) evitou polemizar e, questionado pela reportagem sobre as declarações do ministro, não respondeu. Por meio de sua assessoria de imprensa, diz apenas que o Brasil atravessou um grande período de estagnação em seu desenvolvimento industrial durante 30 anos em que a formação em Engenharia não era atraente. Com a retomada do crescimento econômico, nos últimos dez anos, a engenharia voltou a ser valorizada e o mercado profissional aquecido.
Autor: Folha de S.Paulo