A pequena Itirapina, com 15,5 mil habitantes, vai entrar no mapa da indústria automobilística brasileira. A cidade, a cerca de 200 km da capital paulista, foi escolhida pela japonesa Honda para abrigar a segunda fábrica do grupo no País, um investimento de R$ 1 bilhão, segundo informações de fontes ligadas ao negócio.
A nova unidade vai produzir inicialmente um carro compacto. Desde a inauguração de sua fábrica no Brasil, em 1997, a Honda quer entrar nessa faixa de mercado. A fábrica de Sumaré, no interior de São Paulo, foi aberta com o sedã Civic e hoje também produz o sedã City e o monovolume Fit.
Com capacidade para 140 mil carros ao ano, a fábrica de Sumaré opera no limite em dois turnos de trabalho e com horas extras. Em visita ao Brasil em outubro, o presidente mundial da Honda, Takanobu Ito, havia antecipado ao Estado planos de uma nova fábrica brasileira.
O anúncio oficial será feito amanhã. A direção da Honda deverá divulgar detalhes do projeto, como capacidade de produção e geração de empregos. Procurada ontem, a montadora não quis antecipar as informações.
De janeiro a julho, as vendas da Honda cresceram 8,6% em comparação a igual período do ano passado, com 77,3 mil unidades, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O mercado de automóveis e comerciais leves cresceu 2,42% (2,03 milhões de unidades).
A fábrica deve ser inaugurada em 2015. Antes, o grupo iniciará a produção de um utilitário-esportivo, rival do Ford EcoSport, em Sumaré. O modelo cotado é o Urban SUV, apresentado em janeiro no Salão do Automóvel de Detroit, nos EUA.
Com o modelo compacto, a Honda segue a estratégia de outra montadora japonesa, a Toyota, que lançou no ano passado o Etios, produzido na nova fábrica, em Sorocaba. A coreana Hyundai inaugurou fábrica em Piracicaba em 2012 com o compacto HB20.
Projetos. O Estado de São Paulo, que abriga 11 montadoras e receberá mais três, também está na disputa pela fábrica de automóveis que a Mercedes-Benz pretende construir. No fim de semana, a revista alemã Der Spiegel confirmou o plano e disse que a fábrica, se confirmada, terá capacidade para 20 mil unidades ao ano do sedã Classe C.
A chinesa Chery, que previa inaugurar em dezembro sua fábrica em Jacareí, estendeu o prazo para o primeiro semestre de 2014. A também chinesa Metro-Shacman confirmou investimento de R$ 400 milhões na produção anual de 10 mil caminhões em Tatuí, a partir de meados do próximo ano.
Para o diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), Luiz Carlos Mello, São Paulo é o melhor centro logístico, além de ser o maior mercado consumidor de carros. “Com a rede de rodovias e infraestrutura, cidades do interior são mais viáveis do ponto de vista logístico que muitos Estados.”
A indústria investirá US$ 30 bilhões no período 2013-2017 em ampliação de capacidade, produtos e inovação no Brasil, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A capacidade produtiva anual saltará de 4,5 milhões para 5,7 milhões de veículos. A previsão da Anfavea é de vender 5,6 milhões de veículos por ano a partir de 2017.
Autor: O Estado de S.Paulo