Estender a rede de detecção de raios e tempestades severas para todas as regiões brasileiras até 2014.
Essa é a expectativa do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
A instituição inaugurou o sistema BrasilDAT na região Sudeste, em agosto de 2011, e pretende com a tecnologia tornar as previsões cada vez mais precisas e localizadas.
Segundo o coordenador do ELAT e diretor da rede BrasilDAT, Osmar Pinto Júnior, o sistema – trazido dos Estados Unidos e ainda usado por poucos países – opera com um conjunto de sensores que captam a radiação produzida pelos raios e enviam os sinais para uma central de computadores em São José dos Campos (SP) onde os sinais são analisados.
“Calcula-se então instante, local e intensidade dos raios”, explica. Cada sensor é capaz de detectar descargas a centenas de quilômetros.
Com a tecnologia é possível identificar as descargas atmosféricas que acontecem dentro das nuvens, o que permitirá fazer previsões com maior antecedência da proximidade de tempestades severas, que podem vir acompanhadas de fortes chuvas e ventos, granizo e tornados.
A rede também tem como diferencial a capacidade de registrar com maior precisão os raios que atingem o solo.
“A quantidade de descargas dentro das nuvens é muito maior que a daquelas que atingem o solo e, embora não causem mortes ou danos diretamente à sociedade, essas descargas nas nuvens são importantes para identificar a severidade de uma tempestade em termos de ventos e chuva forte”, esclarece o representante do INPE, que é doutor em ciências espaciais.
Raios por área
Depois da região Sudeste, em setembro de 2012 foi a vez do Rio Grande do Sul de receber o sistema. Trata-se do estado com maior incidência de raios por área, com aproximadamente 18 raios por quilômetro por ano. Segundo o ELAT, caem no território gaúcho, em média, cerca de 5 milhões de descargas anualmente, sendo que, de acordo com estimativas, ocorrem dez vezes mais descargas dentro das nuvens.
Agora a expectativa é estender a abrangência da rede pelo país. “Na região Centro-Oeste estamos terminando e no Nordeste já está em andamento. Esperamos que, até julho de 2013, as duas regiões estejam cobertas”, informa o diretor da rede. Os trabalhos também começaram na região Norte, onde a instituição pretende iniciar a instalação dos sensores ainda neste ano.
Segundo o coordenador do ELAT, atualmente o grupo conta com a parceria os Estados Unidos para reforçar a análise das tempestades na região amazônica. “A Amazônia fica entre as regiões Sudeste e Nordeste do Brasil e os Estados Unidos. A comparação das informações dos sensores dos dois países nos permite detectar também boa parte das tempestades. Mas é claro que quando instalarmos os sensores lá teremos uma precisão ainda muito maior”, ressalta.
Atualmente, 56 sensores estão instalados no país e a previsão é ampliar para 70 o número de equipamentos em operação até a metade deste ano. “Talvez para 2014 já tenhamos a rede cobrindo o Brasil inteiro com uma alta eficiência de precisão”, prevê o diretor da rede.
Estudo das descargas atmosféricas
Há mais de dez anos, o Grupo de Eletricidade Atmosférica do INPE, em parceria com diversas empresas do setor elétrico, de energia e construção civil, vem executando projetos de pesquisa e desenvolvimento voltados a novas metodologias, tecnologias e serviços para monitoramento, análise e previsão de tempestades e de descargas atmosféricas, com amplas aplicações nas áreas de engenharia e segurança.
Os novos sensores beneficiarão o sistema de monitoramento responsável por emitir alertas para empresas quando tempestades e raios se aproximarem. As novas informações também serão fundamentais para a realização de novos projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, que atendam as necessidades do setor elétrico – um dos principais afetados por conta dos prejuízos causados pelos raios – e o de telecomunicações, entre outros.
Osmar Pinto Júnior conta que o grupo já desenvolve hoje e tem ferramentas operacionais para previsão de tempestades com grande precisão, que permitem determinar com 24 horas de antecedência onde uma tempestade vai ocorrer de forma precisa. A expectativa é avançar ainda mais, com previsões em 48 ou 72 horas, e até alguns meses pela frente, buscando sempre prever o local onde a tempestade vai cair.
“Então a rede permite o monitoramento em tempo real, que pode auxiliar muito no estudo de previsão de raios, na avaliação de circunstância de mortes e de danos e prejuízos”, afirma. “O sistema nos permite ajudar a sociedade a esclarecer, prever e a trazer subsídios para que as pessoas vivam melhor.”
Autor: MCTI