Tenho a honra de ser engenheiro e o privilégio de presidir o Instituto de Engenharia.
O Instituto de Engenharia, desde sempre, ao longo de seus 96 anos de funcionamento ativo, influente e ininterrupto, se dedica primordialmente aos temas da Engenharia, conquanto técnica, ciência e arte. Para nós, a Engenharia tem de ser praticada em benefício da humanidade e, assim, ser um instrumento de progresso, como base da Economia, e de cidadania, como base da Política Governamental. Por isso, somos obrigados, na qualidade de profissionais e cidadãos, dentro dos princípios éticos que pautam a missão do Instituto, a alertar a sociedade sobre problemas e desvios na condução dos interesses nacionais.
No início deste século XXI, o Brasil começou a emergir da prolongada crise econômica que se instalou no mundo durante o último quartil do século XX. Até hoje, atônita, a humanidade busca compreender a essência do chamado processo da Globalização. Os valores mudaram, e continuam mudando, de maneira acentuada. O meio circulante no mundo todo supera exageradamente aquele atribuível aos bens palpáveis, duráveis ou fungíveis. A comunicação on-line foi contaminada por tagarelice fútil, nos escritórios e em qualquer lugar e ocasião, sejam encontros sociais, sejam encontros de trabalho. Acabamos de ver a disposição das operadoras de telecomunicação em investir 40 bilhões de reais nos sistemas, tudo para atender 90% de trivialidades, para não dizer inutilidades. Surpreendemo-nos quase diariamente com um jogo de dinheiros escriturais que resultam de compra e venda de empresas, determinando uma gangorra de fortunas inimagináveis. A isto se atribuem valores aleatórios sem nenhum lastro monetário. Há algo de muito estranho na economia de hoje, em face dos fundamentos conhecidos até bem pouco tempo atrás!
Neste cenário, a Engenharia Brasileira foi abandonada na década dos anos 80. De repente, o gigante que estava adormecido em berço esplêndido, despertou na virada do século e descobriu que precisa dessa atividade econômica e que, por causa da desídia dos dirigentes do país, hoje conta com um número muito pequeno de engenheiros em atividade. Todos os nossos alertas passados, hoje se vê, não foram choros de cassandras. Mas a Engenharia continua a postos. Conhecemos a essência dos problemas e sabemos os caminhos a percorrer em suas soluções.
Existe hoje uma enorme ingerência de leigos em engenharia nos cargos governamentais de assuntos de engenharia. Monumentais equívocos são cometidos todos os dias. O mais preocupante deles é imaginar que nossa engenharia se extinguiu e o país precisa convocar desempregados estrangeiros. Senhores governantes, absolutamente não há nenhuma necessidade de recorrermos aos estrangeiros, como se fossem fonte única para nossa salvação. A propalada transferência de tecnologia é uma falácia cabal. Nos tempos passados, atentem bem, nunca ninguém transferiu tecnologia para ninguém. Nos dias de hoje, com o mundo globalizado e o acesso amplo às utilidades disponíveis na internet, cai por terra, fragorosamente, o equivocado argumento a que agora me refiro. E saibam também, que a tecnologia pertence à engenharia, atividade universal. Engenharia é Física, Química e Biologia aplicadas, com lastro na Matemática. Nossos engenheiros são bastantes em si mesmos, para analisar problemas, equacioná-los e resolvê-los.
Porém, infelizmente, não posso me ater aos fatores essencialmente técnicos. Tenho que falar que o problema brasileiro tem raízes muito mais profundas. Falta educação básica no País. Foram anos e anos de apologia da ignorância. Houve a satanização da instrução. A imensa maioria de nosso povo é constituída de analfabetos funcionais. Não nos iludamos, o analfabetismo e o desprezo pela instrução conduz a deformidades culturais. Impede o conhecimento da ética. Relaxa com os valores morais e faz grassar a corrupção. É um vale-tudo infernal. É um desperdício assustador. Desta esbórnia, fatalmente virá uma ressaca sem precedentes.
Está na hora de desarmarmos os espíritos e promovermos um grande encontro das forças vivas da Nação para uma discussão honesta dos problemas que afetam o desenvolvimento intelectual, moral e, por via de conseqüência, material de nosso povo.
Inicialmente, parece ser imprescindível estabelecer o fundamento da honestidade nos corações e mentes. É preciso abandonar o maniqueísmo e a xenofobia, sentimentos incompatíveis com a sociedade global, ora em primórdios de formação, que parece ser inexorável em uma nova era da humanidade. Um pouco de pragmatismo pode ajudar. É preciso romper com o conformismo de que as coisas, principalmente as maléficas, são imutáveis. Um pouco de coragem pode ajudar. É preciso adotar o reconhecimento de nossas limitações individuais, na estatura ética e nos reais conhecimentos educacionais que tivermos. Um pouco de salutar humildade pode ajudar.
Há quase cem anos, em 1914, Rui Barbosa dizia no Senado: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. É tão presente esta observação centenária, que cabe a indagação se o espírito do brasileiro é imoral pela própria natureza ou se este comporta-se amoralmente por alienação. Porém, a má doutrina vem de cima, através de uma legislação coercitiva, feita para cercear o delito e que, por assim ser, constitui o roteiro da fraude e da inimputabilidade. Por exemplo, a lei de licitações e contratos, que afeta diretamente a atividade do engenheiro, induz o leitor à idéia de que os negócios públicos são movidos pela corrupção e, por isso, a cada passo, diz o que se proíbe e não o que se colima. Como conseqüência, propaga-se a falsa idéia que o ilícito é parte integrante da profissão, infelizmente lastreada no mau comportamento de alguns poucos espertalhões que a desonram, com vergonha de serem honestos. Pior que isto, é o compasso negocial imposto pelos maus agentes públicos que, nas licitações e contratos, geram os usos e costumes do mal-feito e da leniência, como se a eles coubesse o direito a comissões de vendas. Pior ainda, foi a necessidade de resolver o problema através de outros agentes no combate aos desvios de conduta, com a plenipotência outorgada ao Ministério Público ou, já em franco progresso, com a supra-autoridade dos Tribunais de Contas. Os procedimentos de inquirição e moção, antes pontuais sob indubitáveis indícios, hoje partem da ilação de que tudo deve ser fiscalizado, sob o foco de que a decência é exceção. Não está na hora de revermos esta insensatez?
Todo esse arcabouço comportamental vai atravancando o progresso do país em clima de terror policialesco, infelizmente com pouquíssima ou quase nenhuma punição. Punidos são os inocentes com a detratação prolongada de seus nomes e premiados são os malfeitores, com o proverbial término das investigações em “pizza”.
É neste sentido que estamos propondo um pacto pelo progresso, fundado nos princípios éticos da honestidade, da humildade e da coragem. Vamos nos unir e reunir. Trata-se de missão árdua e talvez lenta de se cumprir. Mas não é impossível. Toda grande caminhada começa com o primeiro passo.
Mas prestemos atenção: no setor da engenharia prepondera a correção, a honestidade e o patriotismo dos homens que nele militam. Há o empreendedorismo de muitos homens valorosos, quase missionário, que vai nos dando alento para prosseguirmos trabalhando com esperança no futuro.
Neste ano de 2012, o Instituto de Engenharia decidiu premiar o EMPREENDEDORISMO, e tenho a grata satisfação de lhes apresentar o EMINENTE ENGENHEIRO DO ANO, Marcelo Bahia Odebrecht, indubitavelmente o mais lídimo representante desta categoria.
Que esta festa de hoje marque nossos corações e nos anime para trabalharmos por um Brasil melhor.
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Segunda Parte – Saudação ao Eminente Engenheiro do Ano de 2012
Meus caros senhores, nossos amigos e organizadores desta solene festividade, incumbiram-me de fazer a saudação ao Eminente Engenheiro do Ano de 2012. Assim me outorgaram uma honra suplementar àquela de presidir o Instituto de Engenharia.
É uma tarefa fácil elogiar Marcelo Odebrecht.
Marcelo Odebrecht nasceu em 1968, em Salvador, na Bahia. É, portanto um jovem brasileiro, capaz de bem sentir os anseios do nosso jovem povo.
Graduou-se engenheiro, em 1992, na Universidade Federal da Bahia e concluiu seu MBA em Lausanne, na Suiça, em 1996. É, portanto, um profissional muitíssimo bem formado pela Academia, certamente capacitado a utilizar os instrumentos básicos da engenharia: a física, a química e a matemática.
Marcelo Odebrecht tem como principal virtude a capacidade de liderar. Foi educado para isso, sob os princípios da Tecnologia Empresarial Odebrecht. Aliás, Marcelo, seu avô Norberto e seu pai Emílio, algumas vezes nos visitaram e palestraram no Instituto de Engenharia, falando desta tecnologia, que a meu ver, transcende o título. É uma admirável doutrina. Marcelo lidera e forma líderes. Portanto, conta com uma base de parceiros efetivos, capazes de fazer a empresa sobreviver, crescer e perpetuar-se.
Iniciou a carreira na empresa como simples engenheiro, em 1992 – 20 anos atrás, portanto – trabalhando na área de produção na construção da Hidrelétrica de Corumbá I, no Estado de Goiás.
Apenas o Diretor do Contrato sabia quem ele era. O Líder direto dele na obra só soube quase um ano depois. No crachá, ele se apresentava como Marcelo Bahia, numa demonstração simbólica de que era igual a todos. E isso reproduz um conceito importante da filosofia das Organizações Odebrecht, cujo organograma é horizontal: todos os componentes estão na mesma linha. A hierarquia não é simbolizada por um organograma que tem o topo e a base. Tanto que internamente não é usada a expressão Diretor. É usada a designação Responsável. Todos são Responsáveis. A hierarquia está no cliente.
Na sequência da carreira, trabalhou em vários negócios e países: na Inglaterra, no negócio de Engenharia Industrial; nos Estados Unidos, na área de Construção Civil. Posteriormente foi Diretor de Investimentos da OPP Química e participou do projeto de constituição da Braskem. Em 2001 assumiu a liderança do Negócio Engenharia da Organização Odebrecht, como Presidente da Construtora Norberto Odebrecht e desde 2009 é o CEO da Organização, como Presidente da Odebrecht S.A., empresa holding do grupo.
Tem um traço marcante de Líder Educador. Na relação com os liderados procura exercer uma influência positiva no processo de formação das pessoas e dedica tempo e presença aos jovens que entram na Organização, com o qual tem prazer de interagir e conversar. E se mostra sempre disponível para participar de programas internos da organização, cujo foco seja a educação das pessoas.
Leva à risca o princípio de que o importante não é quem está certo, mas o que é o certo. Isto é ética pura e essencial. Em outras palavras, significa que Marcelo está sempre aberto para influenciar, mas mais aberto ainda a ser influenciado na busca da solução que melhor atende a todos – sem se apegar a opiniões ou posições pré-concebidas. É absolutamente flexível e sabe ouvir.
Dedica uma atenção especial às famílias dos integrantes da Odebrecht. Sabe o quanto os desafios da organização que preside exigem de tempo e dedicação de todos. E a saúde física e mental de suas equipes passa pela relação familiar. Marcelo sabe valorizar isso e procura levar essa mensagem de agradecimento e de solidariedade sempre que pode, principalmente para aqueles que vivem na condição de expatriados. E nessa visão da importância da família, valoriza muito a presença de pais e filhos na Odebrecht e diz que os melhores funcionários e parceiros são os indicados por quem ali trabalha.
Finalmente, é um executivo absolutamente atento às questões nacionais – particularmente à da Educação. Também se ocupa das questões sociais. Foi sob a liderança dele que todos os contratos de obra da Odebrecht – e todas as operações das demais empresas – passaram a ter um compromisso social do qual não podem abrir mão: fazer investimentos que atendam carências das comunidades do entorno.
Assim, é uma honra para o Instituto de Engenharia tê-lo no quadro dos engenheiros que se destacaram em sua profissão. Peço uma calorosa salva de palmas para o nosso Eminente Engenheiro do Ano de 2012.