A cidade de São Paulo, que detém mais de 20% dos helicópteros do país, está prestes a ganhar um novo heliporto para estacioná-los -e o maior entre os privados.
Com capacidade para 200 helicópteros, o projeto prevê movimentação de 150 pousos e decolagens por dia, metade das operações na cidade. O funcionamento será 24 horas; será o primeiro empreendimento a fazê-lo na capital.
O heliporto HBR ficará em uma área de 52 mil m² na rodovia Anhanguera, na divisa de São Paulo e Osasco. Está em construção há três meses e deve ser inaugurado em junho do ano que vem.
Hoje os helicópteros ficam estacionados, principalmente, em três heliportos de grande porte (em Jaguaré, Morumbi e Carapicuíba) e nos hangares dos aeroportos do Campo de Marte e de Congonhas.
A criação de um quarto heliporto atende uma demanda que cresce a estimados 20% ao ano na cidade. Só na capital há cerca de 400 helicópteros registrados; a frota do país tem 1.752.
Segundo dados da Abraphe (Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero), os hangares dos aeroportos de Congonhas e Campo de Marte já operam com 90% de ocupação e os três heliportos já existentes estão no máximo de capacidade.
DEMORADO
O presidente da entidade, Rodrigo Duarte, diz que é difícil e mais demorado estacionar um helicóptero num aeroporto como Congonhas.
“São poucos os espaços exclusivos aos helicópteros nos aeroportos e, muitas vezes, eles já estão ocupados.”
Como precisam compartilhar o espaço e o controle de tráfego aéreo com as prioritárias aeronaves comerciais, os pilotos chegam a gastar 10 minutos a mais, à espera de autorização para decolar, nos cálculos de Rogério Andrade, presidente da Avantto, que administra aviões executivos.
Para comparar, esse tempo é o dobro do gasto em voo no percurso tradicional dos executivos, da avenida Paulista para a Berrini.
“O objetivo é desafogar Campo de Marte e Congonhas, que poderão usar o espaço livre para a demanda de avião”, diz o também piloto César Parizotto, presidente da Helibase Serviço, Comércio e Manutenção Aeronáutica, que comercializa aeronaves executivas e é responsável pelo novo heliporto.
Hoje, de acordo com empresários do setor, a falta de espaço é tão grande que jatinhos chegam a ser “estacionados” em cidades como Americana, a 127 quilômetros da capital.
FUGA
O engenheiro aeronáutico Jorge Leal, professor de transporte aéreo da USP, lista três razões para o aumento da demanda: a fuga do trânsito, a busca por maior segurança e o desenvolvimento econômico dos últimos anos.
Afinal, não é barato manter um helicóptero. Por lei, heliportos não podem cobrar pelo pouso e decolagem, mas alugam o hangar ao custo mensal de R$ 5.000 a R$ 20 mil e cobram pelos serviços adjacentes dos heliportos, como oficinas e abastecimento.
Autor: Folha de S.Paulo