No fim da II Guerra Mundial, a Força Aérea dos EUA era a campeã absoluta dos céus. Tudo mudou durante a Guerra da Coreia, quando as forças soviéticas apresentaram o MiG-15, um esperto avião interceptador que viria a desencadear décadas de batalhas aéreas.
O primeiríssimo caça a jato a sair da União Soviética foi o MiG-9. Ele foi desenvolvido por Artem Mikoyan e Mikhail Gurevich (MiG, sacou?) e voou pela primeira vez em 1946. Entretanto, seu motor, fruto de engenharia reversa de um BMW 003 alemão, não produzia muito mais do que 1130 kg de empuxo. O motor de baixo desempenho, junto das frágeis asas retas, fizeram o MiG-9 realmente instável em velocidade. Então, Mikoyan e Gurevich voltaram às pranchetas.
Eles descartaram as asas retas em prol de umas que apontavam para trás num ângulo de 35º, acrescentaram asas na cauda, um cockpit pressurizado e um assento ejetável (ambos os primeiros em uma aeronave soviética), e remanejaram a turbina para o final do avião. Todas essas modificações ajudaram a melhorar a estabilidade do caça, agora chamado I-310, mas nada remediou a fraqueza do motor. Felizmente, o governo trabalhista britânico da época estava mais do que contente em vender aos soviéticos um pouco da sua tecnologia melhor.
Mikoyan e Gurevich ficaram impressionados com o turbojato britânico “Nene”, da Rolls-Royce, por algum tempo, mas estar em lados opostos da Cortina de Ferro tornou a manutenção da tecnologia bastante improvável. Diz-se que o próprio Stalin falou, “Que tolo nos venderia seus segredos?” Aparentemente o tolo em questão era o Ministro do Comércio, Sir Stafford Cripps. Com a bênção do partido trabalhista, o Ministro do Comércio licenciou aos soviéticos os esquemas do Nene. Esse material foi imediatamente submetido a engenharia reversa para criar um motor quase idêntico com 2170 kg de empuxo, chamado RD-45, que foi instalado no I-310 para criar o MiG-15.
Com o motor atualizado, o MiG-15 se tornou um interceptador de um assento só ágil, medindo 10 metros de comprimento e outros 10m de envergadura de asas. Ele foi, afinal, feito para caçar o B-29 Super Fortress e o B-52 Bomber, mas apesar do seu turbojato, o MiG-15 era incapaz de atingir a velocidade supersônica. Ele podia mergulhar a velocidade supersônica, é verdade, mas a cauda do avião gerava instabilidades horríveis na medida em que ele se aproximava de Mach 1. Na realidade, o avião foi feito para usar automaticamente freios a ar quando atingisse Mach .92. Não bastasse isso, os modelos do primeiro lote tinham grandes variações em sua montagem que fazia os aviões virar à esquerda ou direita mais vagarosamente no ar. Tripulações terrestres tinham que instalar e calibrar aparadores aerodinâmicos para corrigir as falhas. Esses problemas foram corrigidos cerca de um ano depois da estreia do MiG-15 em 1949 com a criação do MiG-15 bis.
Como o MiG-15 foi construído como um caçador de bombardeiros, ele não carregava mísseis ar-ar. Em vez disso, o avião era carregado com um par de canhões de 23mm e um outro de 37mm. Eles tinha um bom poder de fogo mas com alcance limitado, o que fez deles ótimas opções para derrubar grandes aviões como o B-29, mas não contra seu arqui-rival, o F-86 Sabre. O MiG-15 tinha a vantagem de ter um teto operacional mais alto que o F-86, o que permitia aos pilotos soviéticos darem a volta em seus oponentes.
Apesar da deficiência supersônica do MiG-15, ele operou extensivamente durante a Guerra da Coreia contra forças das Nações Unidas, em geral com sucesso. O design de suas asas provou-se uma das maiores melhorias e permitiu que os soviéticos dominassem os aviões inimigos com asas retas durante o dia.
Embora o design do MiG-15 tenha evoluído posteriormente para o MiG-17, o primeiro caça supersônico soviético, o modelo 15 em si ainda é o caça mais produzido de todos os tempos. Cerca de 12 mil unidades foram produzidas na URSS, e outras 18 mil, estima-se, foram fabricadas nos estados satélites da União Soviética, como a Checoslováquia.
Autor: GizModo