Prédios projetados por Oscar Niemeyer na cidade São Paulo chegaram aos 60 anos de idade e precisam de reformas nas fachadas para manter as propostas do arquiteto. O elevado custo das obras de restauração, a falta de incentivo fiscal para os interessados em ajudar os condomínios a preservar os projetos e a dificuldade para encontrar materiais similares aos usados nos anos 1950 nas construções são alguns dos principais desafios enfrentados pelos síndicos desses edifícios.
Niemeyer, de 104 anos, deixou sua marca em pelo menos nove construções em São Paulo.
O Edifício Eiffel, na Praça da República, no centro, é um exemplo. No térreo, há galeria com lojas e lanchonetes. Os três blocos têm 54 apartamentos dúplex: os quartos ficam embaixo e a sala, na parte de cima. “Isso dá um conforto enorme. Não tem como ouvir o barulho do vizinho na hora de dormir”, diz a professora da Universidade de São Paulo (USP) Rosa Ester Rossini, que vive no local há 17 anos.
Integrante da administração do condomínio, Rosa diz que eles pretendem entrar com um pedido de tombamento. Antes disso, porém, o plano é substituir janelas de alumínio e outros materiais pelas originais de ferro, lavar as pastilhas da fachada e trocar aquelas que caíram ou se desgastaram. E aí aparece um problema. “É muito difícil encontrar uma pastilha igual àquela usada por Niemeyer.”
Síndico do Copan, Affonso Celso Prazeres de Oliveira também está atrás das pastilhas. “O problema é achar no tamanho e qualidade de que precisamos.” No ano passado, ele buscou o apoio de empresas privadas para ajudar a pagar a reforma.
Em troca, elas poderiam exibir um anúncio na tela de proteção da obra. A falta de incentivo fiscal, no entanto, fez o projeto parar.
Uma parceria também poderia ajudar o projeto de revitalizar a fachada do Edifício e Galeria Califórnia, na Rua Barão de Itapetininga, no centro, diz o síndico Jaime David Winiawer, que já dedicou mais de 25 anos ao posto.
“Esse aqui é o filho esquecido do Niemeyer”, afirma. “É difícil convencer as pessoas de que é importante conservar esse patrimônio.” Dentro, há um mosaico do artista Cândido Portinari, feito com pastilhas de vidro, e um painel de Di Cavalcanti.
O pintor assina painéis na entrada de outros dois edifícios de Niemeyer no centro de São Paulo: o Triângulo e o Montreal. “Nos últimos sete anos, demos uma levantada no prédio, mas ainda falta reformar a marquise, que circunda toda a fachada”, diz o síndico, Jadyr Rossi, que usa sua experiência como administrador de hospital para manter em ordem o Montreal, edifício no formato de um semicírculo.
Autor: Jornal da Tarde