A maior demanda é por engenheiros, técnicos, professores e funcionários para cargos de executivo sênior ou gerente. A maioria desses empregados vem de países como Estados Unidos, Argentina, Alemanha, Portugal e Espanha.
O levantamento, feito com 400 empresas que atuam no Brasil, entre multinacionais e companhias brasileiras, mostra que quase 20% das empresas pesquisadas já têm entre 1 e 5 funcionários expatriados ocupando cargos gerenciais; 13% delas têm mais de 20 desses funcionários.
O estudo também identificou as dificuldades na contratação desses estrangeiros.
“As leis de trabalho do Brasil são mais rigorosas que em outros países e desencorajam os empregadores a buscar profissionais estrangeiros. Mas essa tem sido uma alternativa para alguns (já que) seis em cada dez empregadores brasileiros enfrentam escassez de talentos”, disse em comunicado Riccardo Barberis, CEO da Manpower no Brasil.
Os altos custos para trazer expatriados e as barreiras do idioma também são citados como dificuldades na contratação de estrangeiros.
Apesar dos empecilhos, expatriados estrangeiros entrevistados pela BBC Brasil dizem que sua experiência no exterior os ajudou a crescer profissionalmente no país.
“A experiência na Europa é bastante valorizada. Não creio que falte capacitação (à mão de obra local), mas (os empregadores brasileiros) gostam de ter uma ligação com o outro mundo”, disse à BBC Brasil o belga Paul Jacobs, 46 anos, que trabalha no eixo Rio-São Paulo desde o final de 2006.
Como funciona lá fora
Casado com uma brasileira, atualmente Jacobs é consultor de uma companhia alemã que produz um software de gerenciamento empresarial e presta serviço para a Petrobras. Ele diz que o Brasil se tornou o principal mercado para sua empresa e que muitos colegas alemães estão de olho em oportunidades de emprego no país.
Questionado sobre que contribuição os estrangeiros podem trazer ao mercado de trabalho brasileiro, ele diz que, principalmente, “a experiência da Europa e (o conhecimento) da língua”.
“Além disso, muitos (executivos brasileiros) estão querendo saber como as coisas funcionam lá fora, em termos de gestão e execução de orçamento, por exemplo”, diz.
O engenheiro britânico James Bond (homônimo do espião da ficção), de 44 anos, também é casado com uma brasileira e se mudou para o Rio de Janeiro há cinco anos, por motivos pessoais: preferia criar seus filhos no Brasil, em vez de na Inglaterra.
Bond se estabeleceu profissionalmente no país e agora pretende ficar pelo menos até a Copa do Mundo de 2014.
“Aqui certamente existe uma ausência de mão de obra qualificada”, diz. “A multinacional para qual presto serviço está investindo significativamente no país. Há muitos investimentos estrangeiros vindo para cá.”
A respeito das diferenças que observou entre profissionais brasileiros e britânicos, Bond se disse “espantado pelo quão esforçados são os brasileiros”.
“Na Inglaterra, em geral, as pessoas concluem a universidade aos 23 anos e poucos vão além e cursam um MBA, por exemplo. Aqui, são muitos os que trabalham em período integral e ainda cursam faculdade, para melhorar (suas qualificações)”.
Falta de talentos global
Apesar de, no Brasil, estar inserida num contexto de crescimento econômico, a falta de mão de obra especializada é um problema mundial, segundo a pesquisa da Manpower.
Entre os 25 mil empregadores entrevistados em 39 países, mais de um terço indicou ter dificuldade em encontrar talentos adequados para postos de trabalho vagos.
“Apesar dos altos índices de desemprego relatados durante este (período) apático no mercado de trabalho global, (com) suposto excedente de talentos, muitos empregadores ao redor do mundo relatam dificuldade em encontrar as pessoas certas, com as qualificações certas, por conta da falta de talentos disponíveis em seus respectivos mercados”, diz o estudo.
Autor: BBC