Os dados são do Atlas do Saneamento 2011, divulgado nesta quarta-feira com base em dados de 2008. Fora o Sudeste, as demais regiões do país têm rede de esgoto em menos de 50% dos municípios (13,2% no Norte; 45,6% no Nordeste; 28,3% no Centro-Oeste e 39,7% no Sul).
A principal exceção nesse quadro é o Estado de São Paulo, onde apenas um município, Itapura, não tinha rede de esgoto em 2008.
Em agosto do ano passado, o IBGE havia divulgado a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, mostrando que a rede coletora de esgoto está ausente em 44,8% das cidades brasileiras (2.495 municípios).
Agora, os dados foram esmiuçados por região, mostrando, segundo o relatório, que as disparidades regionais não mudaram desde a última pesquisa, em 2000. A rede de esgoto no Brasil avançou pouco no período, passando de 52,2% municípios contemplados em 2000 para 55,1% com rede de coleta em 2008.
Conferência da OMSA pesquisa é divulgada no mesmo dia em que começa, no Rio, a primeira conferência mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre determinantes sociais da saúde, discutindo políticas para atacar questões sociais que estão na base dos problemas de saúde das populações.
Segundo Paulo Buss, coordenador de relações internacionais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e um dos organizadores da conferência, a falta de saneamento está associada a problemas graves como mortalidade infantil e a transmissão de doenças pela água (como hepatite).
Ele afirma que a questão não é apenas a existência ou não de esgoto nas casas, mas para onde vão os dejetos depois, e a segurança desses sistemas – nas periferias, por exemplo, ele diz que é comum redes de esgoto e de água chegarem juntas às residências, e rachaduras na tubulação podem levar à contaminação da água pelo esgoto.
O Atlas do Saneamento mostrou ainda que 23% dos municípios brasileiros convivem com racionamento de água. Em mais de 500 deles o racionamento é constante e independe da época do ano. A maioria fica no Nordeste, mas a lista inclui ainda destinos turísticos no Rio, como Búzios e Cabo Frio, e Rio Branco, capital do Acre.
“O abastecimento de água está melhorando no Brasil, mas a falta de continuidade é o calcanhar de Aquiles. Com a intermitência na chegada de água às casas, a água que fica armazenada nas caixas d’água piora de qualidade”, afirma Buss.
A pesquisa mostrou ainda que o desperdício de água é comum no país, sobretudo nas cidades médias ou grandes. Em mais da metade dos municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, a perda varia de 20% a 50% no percurso entre a captação e o consumo.
InundaçõesSegundo o IBGE, quase 90% das cidades brasileiras não possuem sistemas para dar vazão a águas de chuva, e 40% sofreram inundações na área urbana.
O estudo levou em conta oito fatores que agravam inundações nas cidades – como ocupação desordenada, desmatamento e lançamento inadequado de resíduos sólidos – e mostrou a distribuição desses fatores por município.
A situação mais grave é apresentada por 25 cidades onde todos os oito fatores estão presentes.
Entre eles estão São Gonçalo e Niterói, no Rio, onde um deslizamento no Morro do Bumba matou cerca de 50 pessoas em 2009; Tiradentes, em Minas Gerais; Ilhabela, em São Paulo; Canela e Pelotas, no Rio Grande do Sul; e Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul.
Autor: BBC