No ano passado, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) aplicou nada menos que 6.974.682 de multas em São Paulo. Quase sete milhões de multas numa única cidade. Já parou para pensar em quanto dinheiro essa “indústria” movimenta?
O valor mais conservador divulgado pela própria CET diz que essas infrações renderam aos cofres públicos R$ 528 milhões em 2010. Para a bancada de oposição na Câmara dos Vereadores, essa quantia chegou a R$ 556 milhões, e poderá alcançar R$ 638 milhões em 2011. Outros analistas acreditam que a arrecadação pode atingir os R$ 700 milhões no final do ano.
Trata-se de uma quantia maior que os orçamentos totais da maioria das cidades do Estado. Mais do que a prefeitura de São Paulo gasta com a remuneração de todos os profissionais da rede de ensino público fundamental. E se alguém aqui ficar feliz ao pensar que todo esse dinheiro será investido na infra-estrutura necessária para os automóveis, uma pergunta: já não pagamos IPVA exatamente para isso?
Um levantamento feito pelo pessoal do iCarros mostra que a multa mais aplicada em 2010 em São Paulo foi a relativa ao rodízio de veículos conforme o dia da semana. Mais de dois milhões de infrações desse tipo foram registradas, e renderam à CET cerca de R$ 266 milhões.
Para 2011, a expectativa de “lucro” é ainda maior, por alguns motivos: a redução nos limites de velocidade nas principais vias da cidade, e a implementação de câmeras para flagrar motoristas que desrespeitarem as faixas de pedestre.
O problema nos parece óbvio. Por mais que a CET arrecade uma verdadeira fortuna (e nem vamos entrar no mérito de para onde realmente vai esse dinheiro), nosso trânsito só piora. E só piora porque o problema não está na localização de semáforos, radares e na aplicação de multas: o problema é a cultura e o treinamento dos motoristas, principalmente aqueles que acabaram de adquirir seu primeiro carro.
Quanto a isso, nenhum investimento de milhões de reais parece estar sendo feito…
Autor: Jalopnik