União e SP prometem Ferroanel para 2014

Os governos federal e paulista firmaram acordo e devem anunciar nas próximas semanas que construirão juntos o Ferroanel Norte, versão ferroviária do Rodoanel. A intenção é entregá-lo até 2014. Parte da linha vai correr em paralelo ao percurso do Rodoanel Norte. O custo estimado da linha exclusiva para cargas, com cerca de 60 km de Itaquaquecetuba a Jundiaí, é de R$ 1,2 bilhão -20% do previsto para o Rodoanel Norte. Não está definida a origem do financiamento.

O Ferroanel busca agilizar e reduzir as despesas do transporte de mercadorias. Tende ainda a retirar caminhões de estradas e centros urbanos, pois parte das cargas deve migrar para o sistema ferroviário. Também prevê melhorar o transporte coletivo sobre trilhos na Grande SP. Hoje, trens de carga usam a malha para passageiros em certos horários, causando interferências. O acordo ocorre semanas após encontro entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que anunciaram parcerias no combate à pobreza.

Locomotivas lentas – O Ferroanel praticamente tira do centro de São Paulo grandes trens de carga, sobretudo os mais pesados que levam minerais entre Santos e o interior paulista. Algumas locomotivas têm 5 km/h de velocidade média, igual à de um pedestre. As linhas, hoje compartilhadas entre a MRS Logística (concessionária de carga) e a CPTM (passageiros) entre a Lapa e a Mooca e entre Manoel Feio e o Brás, ficariam só com a CPTM.

“Devemos começar o ferroanel pelo norte”, diz Bernardo Figueiredo, diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre). “Não é que não faremos mais o sul, só não temos mais dúvidas de que devemos começar pelo norte.” Para ele, o fato de o transporte de carga não poder atravessar adequadamente a Grande SP “cria uma grande limitação para todo os sistema”.

A Secretaria de Transportes de SP confirmou reuniões com a União, mas não as detalhou. O Ferroanel Norte se unirá a outros dois investimentos da MRS em andamento: uma nova linha para cargas (de 12 km, entre Itaquaquecetuba e Suzano) e novos equipamentos.

As três iniciativas poderão eliminar 2 milhões de viagens de caminhão ao ano entre Santos e outras regiões paulistas e evitar 48 milhões de quilômetros rodados por caminhão ao ano no centro expandido da capital -onde a circulação de cargas já caiu após restrições da prefeitura a caminhões e a inauguração do Rodoanel Sul.

Gases poluentes – Essa mudança deve reduzir em 8% a emissão de gases poluentes do transporte de carga em geral. Na área econômica, o governo espera a redução no custo do frete, mas ainda não tem números fechados. A nova linha, já em construção, ficará pronta em 2012 ao custo de R$ 120 milhões. Evitará que trens de carga que vão para Santos usem a mesma linha da CPTM. Já os novos equipamentos, que custarão R$ 140 milhões, farão os trens desceram com mais carga a serra entre São Paulo e Santos. Com eles e a conclusão do contorno de Suzano, será possível iniciar um sistema de terminais multimodais, que aumentará o número de contêineres transportados por trem. O principal será em Cubatão.

Autor: Folha de S. Paulo